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Tales of Berseria

Tales of Berseria

Longe da melhor forma, mas ainda digno de atenção.

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Existem jogos que começam de forma lenta e aborrecida, que eventualmente sobem de ritmo e de qualidade. Depois existem jogos que começam de forma promissora, mas que não conseguem manter essa qualidade ao longo de toda a aventura. Tales of Berseria, infelizmente, encaixa na segunda categoria. O início do jogo, na perspetiva de um "vilão", é uma alteração interessante ao género RPG, mas o jogo não consegue dar continuidade a esse arranque.

Velvet é a protagonista de Tales of Berseria, agastada com uma estória trágica e pessoal. Durante as primeiras horas de jogo vão ver como esta rapariga normal de uma aldeia se transforma num híbrido de demónio e vampiro com armadura de combate pouco prática. É uma anti-heroína, com foco acentuado em "anti", que provavelmente seria a vilã em muitos outros jogos, sobretudo em clássicos RPG japoneses. Esta aventura de vingança vai levar Velvet através de várias áreas da região, expandindo o seu grupo de combate com personagens de variadas aspirações e habilidades.

Gostámos do arranque do jogo e da estória, mas a aventura acaba por perder gás com um ritmo lento, diálogos excessivos, e uma exposição desnecessária da estória. Os eventos principais são representados através de sequências de animação japonesa, mas a esmagadora maioria da estória é apresentada através de sequências interpretadas no motor de jogo - já muito datado para as aspirações de uma PS4 ou do PC. Também existem vários diálogos com balões de texto, sem voz, algo que é comum nos RPG japoneses, mas que começa a ser cada vez mais difícil de aceitar, sobretudo quando são usados tão frequentemente.

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O enredo principal gira em torno de decepção, a criação de novos deuses, e uma região gerida à força por um estado religioso. É uma premissa interessante, que consegue manter o interesse do jogador mesmo quando o jogo começa a falhar noutros departamentos. Quanto às personagens em si, são interessantes, mesmo considerando que obedecem a arquétipos típicos dos RPG japoneses: o sério perito em combate, o rapaz ingénuo e inocente, o anti-herói cínico, e assim por diante. O jogo também não teme acrescentar algum humor e boa disposição à aventura, normalmente através de Magilou, uma bruxa que tem algumas interações hilariantes com outros membros (mais sérios) do grupo.

O jogo alterna sem pudor entre tragédia e comédia, o que não será totalmente estranho para quem está familiarizado com RPG japoneses, ou simplesmente com animação japonesa, mas jogadores menos acostumados podem estranhar esta abordagem. O facto do jogo permitir mudanças cosméticas nas personagens também pode interferir com a imersão na estória - é difícil levar uma cena emocional a sério se uma das personagens estiver vestida como peluche.

Tales of Berseria utiliza um sistema de combate em tempo real com recurso a combinações de ataques. Algumas batalhas tendem a durar segundos, enquanto que inimigos mais fortes (e sobretudo Bosses) podem estender a duração dos confrontos para vários minutos. Cada botão frontal do comando pode ser mapeado com uma série de ataques com características diferentes, embora o jogo também possa ser jogado com rato e teclado no PC. Contudo, fica a indicação de que o jogo funciona melhor e mais intuitivo com um comando.

O combate inclui várias camadas de complexidade, mas tudo é muito dependente de estatísticas, e em termos mecânicos não é entusiasmante. Berseria optou por ser um pouco mais intenso e dinâmico que outros RPG, mas falta-lhe a fluidez e a elegância que outros jogos de ação mais competentes já mostraram. Em comparação, o sistema de combate de Final Fantasy XV - mesmo sem ser perfeito -, consegue proporcionar batalhas em tempo real de melhor qualidade que as de Berseria.

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A comparação entre os dois jogos é ainda mais esmagadora se considerarmos o elemento gráfico. Tales of Berseria é um jogo datado, que podia ter sido facilmente adaptado à geração anterior. As arquitecturas são simples, o mundo carece de detalhe, e a iluminação é muito básica. Os menus são também algo incompetentes e pouco claros, atrapalhando a exploração das habilidades ou a comparação de armas. No lado positivo, as personagens demonstram grande personalidade e os tempos de loading são bastante rápidos.

Em termos de estrutura, Tales of Berseria tem um início algo linear, mas eventualmente abre o seu para a exploração do jogo. Infelizmente porém, é um mundo vazio e com pouca vida. Existem várias masmorras para explorarem, mas não são emocionantes ou inspiradas, enquanto que as áreas abertas parecem existir somente para matar inimigos repetidamente enquanto sobem de nível e recolhem recursos. Se quiserem apanhar os tesouros e colecionáveis terão de caminhar de um lado do mapa ao outro, quase sempre em silêncio, o que pode ser muito aborrecido.

O início de Tales of Berseria é promissor, mas o jogo rapidamente assume a sua condição mediana. A estória principal é interessante, sobretudo por causa da protagonista brilhante e inesperada que é Velvet, mas a exploração de um mapa sem inspiração, um sistema de combate repetitivo, e o grafismo datado, acabam por prejudicar um RPG japonês que facilmente ter sido melhor. Não é um mau jogo, e se são grandes fãs do género, vale bem a pena a consideração, mas quando podia ser um jogo obrigatório, Tales of Berseria limita-se a ser uma alternativa razoável.

Tales of BerseriaTales of Berseria
Tales of BerseriaTales of Berseria
07 Gamereactor Portugal
7 / 10
+
Estória principal é boa, tal como Velvet e a sua perspetiva. Loadings velozes. Boas opções de personalização. Vozes em inglês e japonês.
-
Grafismo datado. Combate repetitivo. Design sem inspiração.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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