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Battlefield 1

Battlefield 1

Enquanto outros marcham para o futuro, Battlefield viajou quase um século para o passado, e impressionou-nos.

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Se na era da PS2 e Xbox visitámos a Segunda Guerra Mundial vezes sem fim, na geração anterior os jogos de ação concentraram-se quase todos nos palcos de guerra contemporâneos. Com o mercado lotado, alguns começaram a explorar o futuro como cenário, como são disso exemplo os últimos Call of Duty ou até Titanfall. Se a isso juntarmos Halo, vemos claramente a tendência da geração atual. Mas... com todas opções futuristas, os jogadores começam novamente a mostrar alguma saturação, e o antídoto para isso parecia ser Battlefield 1. Em vez de seguir a tendência futurista, a DICE virou-se quase um século para o passado, para a Primeira Guerra Mundial, e a reação dos jogadores pareceu indicar que era a aposta certa. Agora que já jogámos várias horas de Battlefield 1, podemos garantir que a DICE fez um excelente trabalho, tanto na campanha de estória, como (à partida) no multijogador.

As armas, antiquadas, estão entre as mais satisfatórias que disparámos num jogo. Os modelos em si são super-detalhados, e as animações estão soberbas. Uma das nossas opções favoritas foi a espingarda semi-automática, que é preciso recarregar bala-a-bala. Porquê? Porque a animação de recarregamento é uma delícia. Mais importante ainda, o coice que a arma dá é convicente, e são naturalmente mais exigentes do que as contra-partes modernas. Em comparação com os tempos modernos, esta é uma era muito limitada tecnologicamente, e essa sensação oferece um sentido de novidade a um jogo de ação na primeira pessoa.

As opções de acessórios para as armas também são consideravelmente inferiores, e em vez de 13 tipos de miras, silenciadores, lançadores de granadas, e outros itens que correm o risco de desequilibrar o jogo, Battlefiel 1 limita-se a permitir o acesso a um curto leque de miras, a opção para usar uma baioneta, e novas pinturas para as armas. Por vezes, menos é mais, e é essa a sensação com que ficámos em Battlefield 1. Mais simples, mais refinados, e mais equilibrado.

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Embora o tema de Battlefield tenha mudado, alguns factos mantém-se intactos. Tanto a nível visual, como sonoro, é um luxo. O som está particularmente impressionante, com acústicas, motores, e várias armas que criam uma sensação soberba. Se não jogarem Battlefield 1 com bons fones, ou um bom sistema de som, não estão a retirar todo o potencial de experiência. O jogo respira grandes valores de produção, e isso também é evidente na interface. Está mais acessível, limpa, e agradável que qualquer outra que vimos na série. Por exemplo, gostamos como as áreas para capturar bandeiras estão agora visíveis no mini-mapa, ou como o novo mapa de reentrada na partida é agora uma representação 3D, e não um mapa estático. Os marcadores, a indicar posições, mortes, e causas de dano, também são uma ajuda bem vinda.

Quanto ao grafismo propriamente dito, é soberbo. O motor Frostbite tem grande potencial, e ninguém o domina como os seus criadores, a DICE. Pormenores, como a lama que cobre as armas quando nos agachamos, ou o impacto impressionante das explosões, acrescentam muita intensidade à experiência. E além do grafismo ser fantástico, tudo corre a 60 frames por segundo nas consolas e no PC, com 64 jogadores em simultâneo. É impressionante. Os efeitos meteorológicos são um aspeto visual, mas também têm causas práticas. As tempestades de areia, por exemplo, não deixam ver mais que alguns metros à frente do nariz. Isto obriga a mudar as táticas - voar ou disparar à distância é para esquecer, por exemplo. Noutros mapas podem ficar sob um cerrado nevoeiro, que tem efeitos semelhantes à tempestade de areia.

Em Battlefield 4 sentimos que a DICE teve alguma dificuldade na criação de mapas que conseguissem ser eficazes na maioria dos modos jogos, o que não é fácil, considerando a quantidade de opções do modo online. Felizmente, tiveram mais sucesso com Battlefield 1. Existem claro alguns mapas mais indicados para modos que outros, mas não encontrámos nada tão evidente como Operation Locker de Battlefield 4, que era excelente para Team Deathmatch e um desastre para Rush. Gostámos da maioria dos mapas que visitámos em Battlefield 1, mas dois merecem ser destacados. O primeiro é Amiens, um cenário urbano baseado numa cidade de França com esse nome. É composto por várias ruas pequenas, com uma enorme ponte ao meio que vai ligar à praça central. Os fogos e as ruínas do local conferem uma impressionante sensação de devastação que é o resultado da guerra. Outro mapa que nos impressionou foi Argonn Forest, que nos mostrou uma das florestas mais lindas que já vimos num jogo - sobretudo de ação online.

Já tínhamos jogado a versão beta, que embora promissora, tinha problemas. Ficamos felizes por agora podermos reportar que os problemas mais graves desapareceram. Situações como o jogo parar durante quase um minuto sempre que acediam ao menu, já não acontecem, e as classes Medic e Support foram reforçadas para se tornarem mais eficazes. Os médicos identificam agora quem precisa de ser reanimado com grande facilidade, enquanto que a classe de suporte ganhou acesso a uma ferramenta que lhe permite reparar veículos danificados.

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Como sempre, têm acesso a vários veículos no modo online, e voar nunca foi tão divertido como neste Battlefield. Em parte isso deve-se à ausência de mísseis de busca de calor, o que significa que existe mais espaço para os bons pilotos se mostrarem. Se alguém quiser mandar abaixo um avião em Battlefield 1, terá de usar uma arma anti-aérea estacionária, ou saltar para outro avião e caçar o seu alvo. Isto resulta em mais confrontos aéreos muito satisfatórios.

Modos clássicos, como Conquest, Rush, Domination, e Team Deathmatch, estão todos de regresso. Ao contrário do que acontecia na versão beta, as mortes agora também contam para a pontuação em Conquest, aumentando as hipóteses de contributo para a vitória da equipa. Quanto a Rush, agora o posicionamento dos rádios é aleatório, o ajuda a modificar ligeiramente cada partida.

Entre novos modos, adorámos o extraordinário Pigeon, que é baseado no facto dos soldados da Primeira Guerra Mundial usarem pombos-correio para enviarem mensagens. É um modo curto, em que um pombo aparece algures no mapa e as duas equipas lutam para o controlar. Quando um jogador apanha o pombo, é necessário escrever a mensagem (não a escrevem realmente), o que obriga a esperar alguns segundos. Nesta altura a equipa tem de defender quem está a escrever a mensagem com tudo o que tem. Quando a mensagem e escrita, o pombo levanta voo, e os adversários têm apenas alguns segundos para o abater. Se o pombo fugir, a equipa que escreveu a mensagem ganha um ponto. Caso contrário, o processo recomeça. É um modo engraçado, mas o prato principal dos novos modos é Operations, que é uma combinação de Rush e Conquest.

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Antes da batalha começar os jogadores são presenteados com o contexto da guerra, e depois uma equipa assume tarefas defensivas e a outra ofensivas. Como em Rush, a equipa ofensiva tem de ganhar o controlo de dois objetivos, mas em vez dos rádios, têm de conquistar duas bandeiras. Na fase seguinte terão de dominar duas (ou três, ou uma), bandeiras. A missão da equipa defensiva é naturalmente impedir que isto aconteça, e se forem bem sucedidos, a equipa ofensiva terá a oportunidade de nova tentativa, agora reforçados. Este modo expande-se para lá de um único mapa, e tendem a ser mais longos que o normal. É uma batalha mais intensa, onde perder ou ganhar tem mais impacto.

Battlefield 1 é brilhante no modo online, e mal podemos esperar para experimentar o jogo com todos os jogadores a ocuparem os servidores. Mas há mais além do modo online, e foi aqui que a DICE mais nos surpreendeu, já que consegui recriar a verdadeira experiência Battlefield (normalmente reservada ao modo online) na campanha a solo. A própria narrativa acabou por nos surpreender, com boa direção artística. Esta narrativa divide-se em cinco estórias, e mostra uma abordagem diferente da DICE que já não acompanha apenas um protagonista. São personagens com feitios e motivações diferentes, que passam por situações distintas, e mesmo assim ficámos interessados em perceber o que aconteceu a cada uma. Sentimos que as missões podiam ser ligeiramente mais curtas, e lamentamos o facto de alguns mapas da campanha aproveitarem secções do modo online, mas isso não nega o quanto esta campanha nos surpreendeu pela positiva. O facto dos mapas serem muito maiores, e permitirem diferentes abordagens (incluindo silenciosamente), foi algo que não esperávamos.

Também podem gostar de saber que a DICE teve respeito pelas nações e pela história, e que não existem aqui apenas "maus". Existem soldados do outro lado, que são pessoas, e Battlefield 1 passa melhor essa sensação que qualquer outro jogo da saga. Deixámos algumas queixas sobre o jogo, mas honestamente, não são relevantes. Battlefield 1 é um jogo brilhante, que nos mantém mais entusiasmados do que alguma vez estivemos com a série, e parece-nos exatamente o que Battlefield necessitava para renascer.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
Excelentes tiroteios. Som de luxo. Visuais de topo. Interface funcional. Campanha muito interessante.
-
Missões da campanha algo longas. Alguma reciclagem aqui e ali.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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