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Deus Ex: Mankind Divided

Deus Ex: Mankind Divided

As expetativas eram elevadas para o regresso de Adam Jensen, mas será que as cumpriu?

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A última vez que vimos Adam Jensen, o protagonista de Deus Ex, assistimos a um banho de sangue. A maioria dos humanos que foram "melhorados" com elementos mecânicos começaram uma chacina que matou e feriu milhões. Agora, dois anos depois, ainda é possível sentir a devastação desse incidente. As ruas são fortemente patrulhadas por militares, o pânico da população é palpável, e os humanos com melhoramentos não tiveram outra hipótese senão agirem nas sombras. Como acontece sempre que uma fação da população é oprimida, não tardaram a surgir grupos terroristas entre os humanos cibernéticos.

No seguimento do colapso das indústrias Sarif, Adam Jensen conseguiu trabalho na Task Force 29, uma divisão formada pela Interpol para combater ameaças terroristas. Depois de uma série de ataques radicais, Jensen recebe a tarefa de impedir os planos dos terroristas, ao mesmo tempo que tenta descobrir a sua verdadeira agenda e identidades. Sob o comando do diretor Jim Miller, Jensen - e o jogador - vai viajar pelo globo à procura de pistas para cumprir o seu objetivo. Quanto à estória em si, conseguiu agarrar-nos com reviravoltas inesperadas e alguns temas que nos obrigaram a pensar profundamente.

A primeira missão, em jeito de tutorial, decorre na cidade do Dubai. Aqui devem tentar parar um negócio importante no mercado negro de melhoramentos cibernéticos. Estas secções de treino são opções, mas são recomendadas até mesmo para quem jogou Deus Ex: Human Revolution. Antes de começarem a missão de tutorial, vão assistir a um vídeo opcional de 12 minutos, que resume os eventos do jogo anterior. Depois devem escolher entre o nível de dificuldade, e três opções de estilos de controlo, incluindo a versão refinada de Mankind Divided, ou um esquema idêntico ao de Human Revolution. A outra opção está mais em linha com os FPS modernos, e será indicado para o jogador típico de Call of Duty e Battlefield.

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Depois da missão inicial, Jensen sofre um acidente que o deixa num estado crítico, obrigando-o a recorrer ao mercado negro para ser reparado. É aqui que descobre uma série de melhoramentos experimentais que estavam dormentes no seu sistema. O problema aqui é que, para ativarem um destes melhoramentos, têm de sacrificar um dos que já têm. Isto obriga a ponderar seriamente a evolução da personagem, e impede os jogadores de ser tornarem demasiado poderosos.

Para desbloquearem os novos melhoramentos, vão precisar de pontos de experiência. Usámos várias habilidades ao longo do jogo, como a Smart Vision que permite ter uma visão térmica dos arredores, o Taser Knucles que aplica um forte murro cheio de eletricidade, e o Chisel Shot, que impala oponentes com as lâminas extensíveis de Adam. Existem muitas opções, que permitem ao jogador moldar a sua própria experiência de jogo.

Com um mundo tão expansivo, e uma jogabilidade tão aberta, é desapontante que as ferramentas ao dispor de Jensen não sejam mais inspiradas. As armas são particularmente banais, embora o jogo permita personalizar as armas ao estilo de Crysis e Homefront: The Revolution. Podem alterar o tipo de munições, a mira, e outras opções semelhantes. Esperávamos mais do arsenal de Jensen, mas no fim do dia, cumpre a sua função.

Como no passado, os jogadores podem escolher a forma como abordam a maior parte das missões. Embora exista uma inclinação para os jogadores optarem por um estilo furtivo, nada os impede de se armarem até aos dentes, equiparem melhoramentos de combate, e partirem para a destruição. Por outro lado, um jogador mais furtivo podem procurar caminhos alternativos e outras soluções para abater inimigos silenciosamente, ou evitar o confronto por inteiro.

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Não gostámos de todas as características dos novos controlos, mas comparando com os de Human Revolution, Mankind Divided ganha clara vantagem. O jogo continua a decorrer maioritariamente na primeira pessoa, mas sempre que se encostam a uma cobertura, a câmara passa para a terceira pessoa. Além da evolução da personagem e do estilo de jogabilidade, Deus Ex também tem muitos diálogos e escolhas para o jogador tomar. Em momentos críticos da estória, terão de tomar decisões difíceis que devem ser ponderadas, porque as consequências são sérias. Em diálogos mais comuns, também tem a opção para acomodar, tentar chamar à atenção, ou confrontar a outra personagem. Estes momentos não têm importãncia meramente narrativa, e podem ter impacto na jogabilidade. Uma resposta errada pode dificultar-vos a ação, enquanto que uma reposta acertada pode valer informação valiosa sobre atalhos ou itens escondidos.

Como no jogo anterior, o Hacking também é uma componente da jobabilidade, embora esta ação tenha sofrido várias mudanças, incluindo uma remodelação visual total. Vão encontrar portas, cofres, máquinas, e computadores que podem ser manipulados através de hacking. Fazê-lo resulta normalmente no acesso a atalhos, segredos, e itens importantes, mas primeiro terão de ultrapassar com sucesso um mini-jogo. Terão de ganhar acesso a um módulo num esquema de grelhas, enquanto tentam evitar a deteção do sistema de segurança. Podem melhorar as vossas capacidades de hacking, ou utilizar itens para ultrapassarem as medidas de segurança sem problemas de maior.

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A campanha não é o único modo disponível em Deus Ex: Mankind Divided. Também podem participar em Breach Mode, um modo onde vão jogar do lado dos Rippers. Vão receber objetivos para roubar informação, ou eliminar andróides pixelizados. É uma experiência que nos lembrou de Saints Row IV, no sentido em que podem usar batotas para recuperar saúde, munições, e melhorar as características da personagem. Este jogo inclui tabelas online, para quem quiser comparar as suas prestações com outros jogadores. É uma adição curiosa, mas que serve apenas como uma pequena distração para a campanha.

Tecnicamente, Deus Ex: Mankind Divided mostra bem a capacidade do novo motor gráfico da Eidos, o Dawn Engine. O jogo tem um aspeto semi-realista, envolto no tipo de ficção científica cyberpunk que caracterizou o jogo anterior, e o sempre emblemático Blade Runner. Os cenários e os modelos das personagens são fantásticos, mas o jogo tem alguns problemas nos pormenores. As animações faciais e a sincronização dos lábios com as linhas de diálogo não estão muito conseguidas. Talvez seja algo que possa ser melhorado numa atualização futura. Quanto à banda sonora, segue a típica linha eletrónica do género Cyberpunk.

À semelhança das melhores sequelas, Mankind Divided mantém a essência do jogo antecessor, melhorando as suas mecânicas individuais e introduzindo novas ideias. É uma experiência que vive muito à base da escolha - na narrativa, na jogabilidade, e na evolução da personagem. O modo Breach não acrescenta nada de relevante, existem ligeiros problemas técnicos, e o arsenal de Adam Jensen podia ser mais inspirado, mas Mankind Divided é ainda assim um RPG de qualidade.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Jogabilidade ajusta-se a vários estilos de jogo. Decisões exigem alguma reflexão. Impacto real da evolução de Jensen no combate.
-
O modo Breach rapidamente se torna aborrecido. Algumas opções de controlos questionáveis. Seleção de armas pouco interessante.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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