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The Division

The Division

Estamos prontos para dar o veredito ao MMO de ação da Ubisoft.

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A primeira hora de The Division introduziu-nos a um mundo de jogo extremamente bem concebido, que alimenta um universo credível. Cada canto de Manhattan (e mesmo Brooklyn antes disso) está cheio de pormenores plausíveis, que mostram uma cidade em ruínas sem esconderem a sua grandeza passada. Se já viram o filme Eu Sou a Lenda, com Will Smith, vão encontrar muitos paralelismos. Existem vários sobreviventes a vaguearem as ruas, à procura de alimentos e sem vergonha de pedirem ajuda ou água aos jogadores. É um mundo difícil de se habituar, mas cabe ao grupo especial Division, do qual fazem parte, tornar a cidade num local mais seguro.

Existe uma história para acompanhar em The Division, que funciona sobretudo como contexto para as mortes e pilhagens do jogador. Não vão encontrar personagens memoráveis, e a narrativa falha em criar qualquer ligação emocional com o jogador, mas isso é um aspeto secundário num MMO. Mais importante é o facto de Manhattan estar cheia de detalhe, com pequenas histórias que ajudam a tornar esse mundo ainda mais real. Existem objetos chamados "Echoes" que contam histórias trágicas que podiam acontecer a qualquer um, gravações de telefonemas que mostram a vida antes do aparecimento do vírus que dizimou a civilização, e muito mais para o jogador interessado descobrir. The Division tem alguns dos colecionáveis mais interessantes que vimos num jogo da Ubisoft.

The Division causou grande impressão logo a partir do anúncio oficial na E3 de 2013, sobretudo devido à impressionante capacidade gráfica, mas não faltou muito tempo para que os jogadores detetassem um "downgrade", ou seja, uma redução na qualidade gráfica do jogo. Agora que jogámos a versão final, sim, podemos dizer que não é tão impressionante como aquele primeiro trailer que a Ubisoft mostrou, mas The Division mantém um aspeto fabuloso. A iluminação do cenário e as animações das personagens são particularmente impressionantes. The Division tem um grafismo soberbo em todas as plataformas, o que é um feito notável considerando a escala e o facto de ser um jogo online.

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Feitos os elogios, também temos de deixar algumas queixas, sobretudo no que diz respeito a "pop-ins", objetos que aparecem do nada quando o jogo tem dificuldade a carregá-los mais rápido que o movimento do jogador. São momentos que quebram a imersão, embora fossem um preço previsível a pagar pela qualidade e dimensão do mundo. Também não somos fãs dos menus e da interface, que embora modernos, não são muito acessíveis ou práticos. É provável que necessitem de um período de adaptação antes de dominarem todas as particularidades das habilidades, armas, espólios e outras características.

Quanto ao design do áudio, é irrepreensível. Ouvir músicas de natal a tocar num rádio de uma loja enquanto patrulham as ruas, os gritos das vítimas dos criminosos, ou os tiros à distância, são elementos que acrescentam muita vida a esta versão destroçada de Nova Iorque, e que criam um excelente ambiente de imersão - um dado essencial para qualquer MMORPG de qualidade.

Sim, porque não se iludam, The Division é um MMORPG. Numa primeira fase não terão muitas armas ou habilidades para explorar, mas conforme evoluem vão descobrir vários estilos de jogo que podem adotar. As três primeiras habilidades à vossa escolha incluem uma granada especial (agressivo), a capacidade para detetar inimigos nas redondezas (suporte), e um escudo físico (defensivo). Conforme evoluem ganham pontos para comprarem novas habilidades, que podem ser alteradas a qualquer momento para se ajustarem ao contexto da situação em mãos.

No nosso caso, quando estamos sozinhos, preferimos carregar uma espingarda de assalto, o lançador de granadas, e as armas estacionárias automáticas. Isto permite-nos causar grandes quantidades de dano a grupos de inimigos, enquanto a arma estacionária atrai a maior parte da atenção. Quando visitamos a Dark Zone, preferimos outro tipo de tática. Aqui procuramos ser úteis para os jogadores que encontramos, com uma personagem capaz de curar e apoiar colegas. Existem vários tipos de estilos de jogo que podem adotar.

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Embora seja um MMORPG, e existam momentos em que terão de interagir com outros jogadores, The Division pode ser jogado como se fossem um agente solitário. Como é um RPG, também existem outros elementos que não são tão habituais em jogos de ação na terceira pessoa, como a capacidade para os inimigos aguentarem dano. Em certas dificuldades os oponentes parecem mesmo esponjas de balas, capazes de suportarem uma quantidade absurda de tiros. É um elemento comum aos MMORPG, mas que poderá afastar jogadores menos habituados ao género, que prefiram uma reação mais realista dos inimigos aos disparos. Quanto aos controlos, funcionam bem na maioria das situações, seja a correr, a disparar ou a mudar de cobertura, mas sentimos falta de um botão que nos permita agachar.

Nenhum MMORPG seria capaz de sobreviver sem um sistema de loot decente, e The Division não é exceção. Nesse aspeto o jogo da Ubisoft está mais próximo de algo como Diablo do que Destiny. Existem muitas armas, mas com poucas diferenças visuais entre si (ou pelo menos não são tão evidentes como no jogo da Bungie), mas em termos de atributos, existem diferenças notórias. O dano por segundo causado por duas AK 47 raramente é idêntico, e se acrescentarem o sistema de acessórios que podem incorporar nas armas, essas diferenças acentuam-se ainda mais. Todos os tipos de armas funcionam como esperariam, e será fácil encontrarem algo dentro do vosso estilo de jogo.

Como a maioria dos MMORPG, The Division também sobre com alguma falta de diversidade. A maioria das missões primárias e secundárias pedem que se desloquem de A para B, que matem um número elevados de inimigos em B, e que depois terminem tudo com uma batalha contra um boss. Pelo meio vão encontrar outros objetivos mais variados, como encontrar determinado número de objetos em tempo limite, defender áreas frente a vagas de inimigos, e resgatar personagens. Existe alguma variedade, mas pode não ser o suficiente para evitar uma sensação de fadiga nos jogadores, sobretudo quando passam por uma rua que já visitaram e vêem os mesmos dois bandidos nos mesmos sítios.

Também falta variedade aos tipos de inimigos disponíveis. Existem unidades de curto, médio e longo alcance, além dos loucos que carregam lança-chamas. Vão tentar flanquear o jogador e utilizar táticas combinadas, como manter o jogador debaixo de fogo enquanto um companheiro com ataques de curto alcance se tenta aproximar. O tipo de inimigos que vão encontrar também depende dos locais e das fações que encontram, já que cada grupo de criminosos tem a sua própria motivação. O tipo de missão que aceitam irá recompensar-vos com pontos que podem usar para melhorarem a secção respetiva na vossa base individual. Existem três alas na base - tecnologia, segurança e saúde - e cada área tem as suas missões, melhoramentos e vantagens.

Caso pretendam variar um pouco a experiência, podem sempre arriscar uma viagem até à Dark Zone. Esta é uma zona separada de Nova Iorque, que pretende ser um desafio para todos os jogadores. Além de encontrarem alguns dos inimigos mais duros do jogo nesta zona, existe sempre o perigo de serem emboscados por outros jogadores. O vosso principal objetivo será o de chamar a extração, algo que só pode ser feito em áreas específicas, e que irá alertar todos os outros jogadores. Depois disso têm de aguentar vivos durante 90 segundos. O aliciante para os outros jogadores, é que se vos matarem, podem roubar-vos parte dos espólios que conquistaram na Dark Zone, embora isso marque o atacante como traidor e permita aos outros jogadores atacá-lo sem problemas. Quantos mais jogadores matarem, maior será a recompensa pela vossa cabeça, e consequentemente, o número de interessados na vossa morte. É uma situação tensa, que por vezes leva à questão de quem irá disparar primeiro.

Vale a pena prestar atenção a tudo na Dark Zone, incluindo as conversas dos jogadores mais próximos. A comunicação por voz é local, por proximidade, por isso podem ouvir o que estão a dizer se estiverem atentos (e perceberem o idioma). Estar do outro lado da barricada também é interessante, e é particularmente emocionante quando uma equipa consegue executar uma emboscada bem sucedida e resgatar equipamento de grande qualidade.

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Parte do vosso divertimento com The Division também vai depender da equipa que vos acompanhar. Se jogarem com alguém em quem confiam, sabem que não serão traídos, mas também têm de levar a equipa em consideração, porque basta um membro atacar outro jogador para toda a equipa ficar com a cabeça a prémio. Quando não estão amigos por perto que possam ajudar, podem sempre recorrer ao emparelhamento automático que funciona bem.

O verdadeiro desafio de The Division arranca no chamado End Game, que é a experiência destinada a quem tem nível máximo (30). Quando isso acontece, todos os inimigos da Dark Zone passam a ser de nível máximo, mas também terão acesso a três missões que podem repetir uma vez por dia. Ao completarem estes objetivos (versões mais difíceis de missões que já fizeram), vão arrecadar créditos Phoenix, que só podem ser usados em dois vendedores no jogo. Aqui vão ter acesso aos melhores itens do jogo, mas terão muito que trabalhar para arrecadarem créditos suficientes para os comprar. É um objetivo para os jogadores cumprirem, mas é escasso. Faltam mais missões por equipas e talvez alternativas mais elaboradas para o PvP. Sabemos que a Ubisoft irá reforçar esta componente do jogo, e até já anunciou o lançamento das Incursions para o próximo mês, mas para já, isto é o que temos em The Division.

Como uma experiência global, The Division é fantástico. Mesmo que a história em si não seja deslumbrante, o mundo de jogo e o ambiente estão soberbos. Todos os detalhes ajudam a acrescentar vida a um mundo credível, por onde vão repetir o mesmo grosso da jogabilidade, mas sem perceberem que as horas estão a passar. Jogar a solo é divertido, com amigos é melhor, e se gostam de perigo, vão passar largas horas na Dark Zone. Tem os seus problemas aqui e a ali, mas não são suficientes para tirarem mérito ao que é para já um dos melhores jogos de 2016.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
Mundo fantástico cheio de detalhe. Excelentes controlos. Sistema de loot é sólido. A Dark Zone é emocionante.
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História medíocre. Missões repetitivas. Problemas técnicos menores.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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