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Estado da Nação: Wii U

A consola da Nintendo não tem tido o sucesso que muitos esperavam, mas merece mais que isso.

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Em parte reavaliação, em parte guia de compras atualizado, vamos olhar à vez para cada plataforma, contextualizar os recentes anúncios efetuados na E3 e o seu impacto futuro e considerar o que cada sistema oferece de imediato e dar as nossas recomendações pessoais quanto aos jogos obrigatórios.

Agora & Amanhã

No início do ciclo de vida da Wii U, afirmámos que a consola teria de igualar a Nintendo 3DS e apresentar um portfólio recheado de jogos obrigatórios antes de se tornar uma consola irresistível. Esse ponto de saturação está agora a ser alcançado, e com uma E3 a prometer lançamentos de qualidade do outono para a frente, a máquina de Mario parece finalmente estar a ganhar vapor.

Tal como acontece com todas as consolas da Nintendo (com a exceção do Virtual Boy), o principal atrativo da Wii está nos exclusivos. É certo que as outras consolas também têm um alinhamento de software first-party notável, mas o catálogo de IP da Nintendo é único em termos de jogabilidade. Com a retrocompatibilidade oferecida em relação à Wii e a oferta de clássicos mais antigos através da Virtual Console, temos alguns dos melhores jogos de sempre disponíveis numa única consola por baixo da TV.

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O suporte third party ainda é fraco, e com os maiores jogos deste e do próximo ano a chegarem tarde (Watch Dogs) ou ausentes de todo (Batman: Arkham Knight), a Wii U parece "encravada" entre duas gerações conforme as equipas de produção migram para as novas consolas e o PC e acabam por ignorar o hardware da Nintendo. Ainda assim, os rumores sinistros que antecederam a E3, e que sugeriam que a Nintendo iria colocar esta máquina "na prateleira" e estrear uma nova consola mais potente, acabaram por ser infundados, e a estreia de um novo Legend of Zelda - com lançamento para o início do próximo ano - assegurou-nos que a Wii U deverá ter um ano de 2015 sólido.

Estado da Nação: Wii U

Mas e em relação ao presente? Já existe uma boa pilha de jogos exclusivos para o formato, juntamente com bastantes títulos third party ‘melhorados' da altura do período de lançamento da Wii U, compostos por jogos de PS3 e Xbox 360 em busca de um novo fôlego nas lojas. Esta é possivelmente a melhor consola para o jogo cooperativo local, e como a retrocompatibilidade se estende também aos periféricos, podemos comprar uns quantos Wii Remotes em segunda mão baratos para sessões multijogador no mesmo sofá.

A Wii U também apresenta o habitual número de aplicações multimédia que contamos encontrar hoje em dia, como o YouTube ou o Netflix (este último apenas nos países que o suportam, o que não é o caso do nosso).

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A comunidade online é uma das mais agradáveis que já experimentámos, e apesar de não ser tão fácil juntar amigos para jogar como nas máquinas rivais, a Nintendo tem a habilidade de dar forma a funcionalidades extra para as comunidades nos seus jogos (como os bilhetes nas garrafas de Wind Waker ou os rabiscos de Super Mario 3D World). E ironicamente essa entrada mais tortuosa para as opções online da Nintendo também acaba por tornar a consola mais segura para quem quiser proteger a sua família do lado mais sombrio desta vertente.

Exclusivos

A Nintendo tem no seu "estábulo" algumas das séries mais cotadas de sempre, e as versões Wii U dos franchises já existentes serviram para diversificar estas ofertas. Tivemos dois capítulos de Mario Bros., ambos com o mantra "melhor com quatro jogadores". New Super Mario Bros. U seguiu o caminho 2D dos clássicos da década de 1990, e é uma continuação da nova sub-série "New" estabelecida nas portáteis da Nintendo, enquanto Super Mario 3D World pega nos cenários abertos e nas plataformas mágicas de 3D Land e abre espaço para mais três pares de pés. Seria fácil dizer que a Nintendo está a explorar a sua propriedade mais lucrativa até à exaustão, mas a verdade é que os jogos são demasiado bons para isso.

Os jogos de plataformas são a principal oferta deste sistema - o já lançado Donkey Kong Country: Tropical Freeze e os anunciados Yoshi's Wooly World e Kirby and the Rainbow Curse são apenas três títulos que usam propriedades populares e refrescam ideias sólidas para oferecer um género de diversão que nas outras plataformas parece estar confinado ao universo indie. No que diz respeito a diversão para toda a família, é difícil bater a Wii U.

Estado da Nação: Wii U

A Sony incentiva a utilização da PS Vita como um segundo ecrã para a PS4, mas isso requer a compra da portátil. O ecrã do GamePad da Wii U é, infelizmente, raramente utilizado para criar mecânicas de jogo originais (o título de lançamento ZombiU deverá ser o melhor exemplo), mas pelo menos continua a permitir jogar se o ecrã da TV estiver ocupado. A qualidade do ecrã não está ao nível de uma TV normal, e o alcance pode não ser o melhor (esqueçam a ideia de o levar para a casa de banho), mas mesmo assim é uma adição útil.

E já falámos da retrocompatibilidade com a Wii, algo que a PS4 e a Xbox One esqueceram em relação às suas antecessoras. A Wii tem uma biblioteca interessante, e vale a pena procurar alguns jogos que tenham deixado passar. O grafismo pode não ser o melhor, mas não há como negar a qualidade de Super Mario Galaxy e a sua sequela, os dois capítulos de The Legend of Zelda, Twilight Princess e Skyward Sword, a Trilogia Metroid Prime, Okami... se juntarmos à lista os grandes títulos da Wii, a biblioteca da Wii U começa a tornar-se realmente apetecível. E em jeito de bónus, com algum esforço é possível encontrar estes títulos a preço reduzido.

E quanto ao futuro? Bayonetta 2 é um título de ação hardcore e vai ser lançado em outubro e Smash Bros. Wii U (que também vai chegar antes do fim do ano) coloca os maiores ícones da Nintendo em confronto para (mais) diversão a quatro. Splatoon é uma versão mais colorida (literalmente) dos Team Deathmatches e o novo The Legend of Zelda parece ser a resposta da Nintendo a Skyrim e The Witcher 3. A empresa nipónica até vai atacar o sucesso de Skylanders com a sua própria linha de figuras, os Amiibos, que podem ser usados em vários títulos - o primeiro é Super Smash Bros.

Aplicações & Interface

Uma das comparações que podemos fazer entre o GamePad e um iPad está na interface, que imita a grelha de "canais" da Wii, com cada quadrado a conter uma aplicação diferente. Quando tocamos numa delas, surge no ecrã da TV.

Esta seleção de aplicações também pode surgir diretamente no ecrã da TV, onde assume a forma de uma praça ocupada por vários Miis reunidos em torno de "pontos de conversa" da comunidade online. É engraçado, mas às vezes só queremos ir diretamente para os jogos. Uma nova atualização permite o início rápido das nossas aplicações mais usadas, e assim gastamos menos tempo à procura delas depois de ligar a consola. Como acontece com qualquer consola hoje em dia, as atualizações digitais vão surgindo com regularidade e introduzem novas funcionalidades e melhoramentos no sistema operativo.

Temos ainda a eStore, que oferece downloads digitais de títulos da Wii U e rétro. A Nintendo tem vindo a introduzir gradualmente os catálogos das suas consolas anteriores, e por enquanto ainda há omissões graves, mas a lista deverá tornar-se mais substancial com o passar do tempo. Acedemos à loja através do GamePad e o layout é agradável, com vários menus secundários de fácil acesso. A Sony e a Microsoft podiam copiar este bom exemplo para as interfaces das suas próprias lojas.

O Amazon Instant Video, o Netflix e o YouTube estão presentes no sistema (de novo, nos países onde cada um dos serviços está disponível). Não há Twitch (a Niintendo diz que não é divertido) nem Now TV. Mas se não ligarem muito a este tipo de aplicações nas consolas, não vão ter problemas de maior com a Wii U.

Periféricos

Estado da Nação: Wii U

A Wii foi inundada por "extensões" horríveis e mal feitas para ligar ao Wii Remote, como tacos de golfe de plástico, para tornar os jogos mais "autênticos", mas que serviam apenas para encher as nossas salas de detritos. Felizmente, a Wii U ainda não sofre desse problema. Para sermos sinceros, os únicos extras em que precisamos de investir serão alguns Remotes e Nunchuks caso queiramos focar-nos nas experiências multijogador. Se nos lembrarmos de tirar as pilhas sempre que acabarmos de jogar, nem sequer precisamos de nos preocupar com as estações de carregamento para manter os Remotes ativos. Também recomendamos um comando Wii U Pro para quem joga a solo - na maior parte dos jogos, há pouco a perder quando trocamos o GamePad por um comando mais leve e confortável, e a bateria pode ser recarregada através da própria consola.

Na página seguinte podem ver alguns jogos recomendados.

Jogos Recomendados

Super Mario 3D World

Estado da Nação: Wii U

Apesar de ainda estarmos à espera de um jogo "principal" de Mario na mesma veia de Super Mario Galaxy, a série 3D tem servido como uma fantástica distração. A estrutura é semelhante à do seu predecessor Super Mario 3D Land, e o jogo começa com grandes cenários abertos antes de encolher as plataformas e tornar os desafios mais exigentes nos níveis posteriores. Apesar de não ser tão difícil de completar a 100% como alguns dos exemplares mais memoráveis da série, descobrir as Estrelas escondidas em cada nível acrescenta um desafio extra que nos vai fazer apreciar o design dos níveis. E ainda mais do que em New Super Mario Bros. U, a atualização em HD faz as cores vívidas do mundo de Mario saltarem do ecrã. Apesar de não ser tão impressionante como...

Mario Kart 8

Estado da Nação: Wii U

Suspeitamos que a introdução dos karts antigravidade serviu tanto para fazer evoluir a jogabilidade desta antiga série de condução como para ajudar a exibir a potência extra ao dispor do hardware da Wii U. Mario Kart 8 é um mimo, tanto no campo visual como na jogabilidade, e que está no seu melhor quando jogamos contra amigos na classe 150cc. Mesmo que o Battle Mode tenha sido estranhamente afetado, as corridas para quatro jogadores no mesmo ecrã são divertidas o suficiente para ocupar um serão inteiro.

Pikmin 3

Estado da Nação: Wii U

Lembram-se de quando falámos de experiências exclusivas à Wii U? A estratégia em tempo real pode não ser um género único nesta consola, mas a Nintendo é perita em pegar num modelo de jogo e moldá-lo até obter algo de único. O nosso astronauta encalhado tem de orientar vários Pikmin para levarem a melhor sobre um ambiente hostil, sempre com a ameaça do sol poente a marcar o final do tempo disponível. O design e a personalidade destacam-se de tal forma que mesmo quem não é fã de estratégia em tempo real vai decerto ficar fã de Pikmin.

Rayman Legends

Estado da Nação: Wii U

Pode já ter sido lançado em todos os formatos possíveis, mas Rayman Legends começou por ser um exclusivo Wii U, e isso nota-se. E não deixa de ser irónico que a Ubisoft até acabe por dar um melhor uso ao GamePad que a própria Nintendo. A personagem Murphy é controlada com o ecrã tátil do GamePad, cortando cordas e movendo plataformas para auxiliar os outros jogadores no ecrã da TV. Esta abordagem tátil torna a jogabilidade cooperativa da versão Wii U mais envolvente que nas outras consolas, fazendo de Rayman um sólido rival de Super Mario.

The Legend of Zelda: The Wind Waker

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Remake? Sim. Mas o facto de este jogo apresentar um grafismo melhor ou equiparável ao de qualquer outro título "moderno" é uma prova incontestada do caráter intemporal de Wind Waker, e o final ainda nos consegue tocar no coração, mostrando-se em simultâneo como o mais deprimente mas ao mesmo tempo inspirador de toda a série. A estrutura do jogo, que nos coloca a navegar por um oceano em busca de novas ilhas e masmorras, é um precursor de Assassin's Creed IV: Black Flag. Apesar do jogo da Ubisoft nos apresentar um método de navegação mais agradável (mudar a direção do vento em Wind Waker ainda é um processo demasiado lento na Wii U), este Zelda oferece uma maior sensação de mistério.

Lego City Undercover

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Os jogos da Lego são excelentes, e um dos melhores dos últimos tempos é um exclusivo Wii U. Lego City Undercover incluiu um sem-número de piadas relacionadas com filmes, uma jogabilidade acessível e um mundo aberto à exploração que podia ser maior, mas que mesmo assim está repleto de coisas para fazer. Com um argumento cheio de trocadilhos e gracejos e a habitual mistura de plataformas e recolha obsessiva de colecionáveis e outros artigos, é um dos melhores jogos da Wii U até agora.



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