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Greedy Guns

Miguel Rafael: "Falta de comunicação é grande falha das produtoras portuguesas."

O produtor de Greedy Guns falou com o Gamereactor sobre o estado da produção de videojogos em Portugal.

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Greedy Guns é um dos jogos mais promissores produzidos em Portugal, não por ser particularmente inovador ou original, mas simplesmente porque parece estar já num estado muito sólido e francamente divertido. Trata-se de um jogo de ação e plataformas em 2D, próximo de algo como Metal Slug ou Contra, por exemplo. O Gamereactor teve a oportunidade de conversar com Miguel Rafael, da Tio Atum, não só sobre o seu projeto ambicioso, mas também sobre o estado da indústria em Portugal.

Antes disso, contudo, uma pequena apresentação da Tio Atum e de Greedy Guns.

"A Tio Atum nasceu há três anos, criada por três pessoas - eu, o Afonso Cordeiro e o Miguel Cintra -, e começamos a trabalhar com jogos Mobile. O nosso projeto mais popular foi o Super Bit Dash, com mais de um milhão de downloads. Agora estamos a trabalhar neste projeto para PC e consolas que é o Greedy Guns, e que começamos a desenvolver há dois anos. É um jogo inspirado em Metal Slug, Gunstar Heroes, e outros clássicos arcade frenéticos, mas também vai ter um pouco de exploração, ao estilo Metroidvania. As reações do público [durante a Lisboa Games Week] têm sido boas, e todos nos dizem que estão à espera que seja lançado. E é isso que temos trabalhado incansavelmente para conseguir fazer."

"Ainda em 2014 fomos aprovados para o Steam Greenlight, sobretudo graças aos fãs portugueses que foram espetaculares, e agora já fomos aprovados como produtores para várias plataformas. O nosso objetivo é ter o Greedy Guns disponível para PC, Mac, Linus, Xbox One e PlayStation 4. Sabemos que as consolas não costumam ter muitos jogos portugueses, mas esperamos que comecem a aparecer cada vez mais. Há malta cá em Portugal com uma qualidade impressionante."</i>

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Fala-se cada vez da produção de videojogos e dos produtores portugueses, algo que, segundo Miguel Rafael, começa também a atrair o interesse de empresas estrangeiras.

"Começam a aparecer cada vez mais empresas a fazer videojogos em Portugal, e o nosso país tem uma vantagem muito grande, porque é um sítio relativamente barato para se viver e desenvolver jogos. Depois também temos muito talento, com malta que sabe programar e também grandes artistas. Começam a criar-se condições para se fazerem cá bons jogos."

"Um dos maiores problemas até agora é que não existiam muitas empresas, e quando um aluno está pronto para começar a trabalhar ou a estagiar, não tem muitas alternativas nesta área. Falta mudar um pouco esse panorama em Portugal, o aparecimento de empresas grandes capazes de ajudar os mais novos a formarem-se. Felizmente, já se notam algumas mudanças, porque há mais empresas e também há mais contactos entre as produtoras. Até existem cá cursos de videojogos com professores que trabalharam na área. Outro problema é o investimento, que por cá é escasso, e isso é resultado de uma mentalidade portuguesa geral que ainda não percebeu que o mercado dos videojogos é muito forte."

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"Já me começam a perguntar lá fora como é a situação em Portugal, e grandes produtoras já me questionaram quanto ganha um produtor em Portugal. Não acreditaram na minha resposta. Isto faz com que os melhores que cá temos estejam a partir para o estrangeiro, mas penso que é algo que pode mudar rapidamente. O nosso muito talento é barato para o que se pratica lá fora, e ainda temos a vantagem do excelente clima. Parece mentira, mas também faz a diferença."

Apesar de todo o talento, os produtores nacionais têm ainda muito que aprender sobre a indústria, e uma dessas lições passa por uma mensagem mais frequente e clara.

"A falta de comunicação é outra falha das produtoras portuguesas, incluindo da própria Tio Atum. Já recebemos dicas de vários jornalistas, e até de outras produtoras mais experientes nessa área, de coisas que devíamos fazer para comunicar os nossos jogos. É preciso enviar comunicados de imprensa, participar em eventos, mostrar o jogo. Cá as equipas distraem-se tanto a fazer os seus jogos, que se esquecem um bocado destes detalhes, que são muito importantes."

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Miguel Rafael revelou ainda o seu apreço pelo investimento das grandes editoras de videojogos, nomeadamente Sony, Microsoft e Nintendo, nas produtoras nacionais.

"É preciso crescermos todos juntos, e o facto de Microsoft e Sony estarem a investir mais em Portugal, com eventos como o GameDevCamp e os Prémios PlayStation, é muito importante, porque chama a atenção. Outros meios olham para o facto destas grandes empresas estarem a investir cá e também ficam curiosos com o que se faz por cá. As fabricantes de consolas também já perceberam como é importante ter um catálogo com vários jogos mais pequenos, porque os grandes títulos como Call of Duty e Assassin's Creed não chegam. É preciso ter outras alternativas no catálogo."

Quanto a Greedy Guns, se tudo correr como previsto, será lançado em julho com um preço de € 14.99.

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A Tio Atum na Lisboa Games Week.
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