Just Cause 3

Em setembro do próximo ano, a série Just Cause fará o aniversário de uma década. "Foi o nosso primeiro jogo, uma licença original que eu escrevi," disse-nos o co-fundador da Avalanche Studios, Christofer Sundberg. "É algo que tem crescido com o estúdio, e que já vendeu milhões de unidades em todo o mundo. Temos um fantástico grupo de fãs, que continuam a jogar Just Cause 2 cinco anos depois de ter sido lançado. Isto significa muito para o estúdio, não apenas porque foi um jogo que vendeu bem, mas porque é realmente divertido. Foi o jogo que definiu o tom com que abordamos a produção e o design de videojogos."

Apesar das comparações iniciais pouco favoráveis com GTA, Just Cause conseguiu atrair um bom número de jogadores e começou, depois de Just Cause 2, a conquistar o seu próprio espaço na indústria. Hoje, graças a sistema de física exagerado, um apetite especial por explosões, e um vasto e detalhado, Just Cause surge, não como um clone de GTA, mas como uma alternativa viável ao jogo da Rockstar. Esse sucesso conseguido com o segundo jogo serviu claramente de inspiração e direção para Just Cause 3.

"Quisemos começar logo a pensar na jogabilidade," referiu o diretor de jogo Roland Lesterlin. "Quisemos começar pelos sistemas da jogabilidade, porque queremos um mundo de possibilidades complexo, que consiga manter a simplicidade de controlos. A ideia é que o jogo permita criar todo o tipo de situações engraçadas para o jogador. É ainda mais divertido porque está quase tudo aberto aos jogadores no mundo de jogo. O que quero dizer com isto é que Just Cause é, antes de tudo, um mundo onde os jogadores podem brincar e explorar. Nós limitamos-nos a acrescentar ferramentas para que os próprios jogadores possam criar as suas próprias situações incríveis, numa forma que nunca viram antes."

Just Cause 3 será também uma espécie de regresso a casa para o protagonista Rico Rodriguez, já que a ação vai passar-se na ilha fictícia de Medici, a terra-natal de Rico. Mais uma vez, existe um ditador que tem de ser derrubado e várias forças em confronto, mas a história ficará sempre em segundo plano para a jogabilidade. Isso ficou logo evidente na apresentação, em que os produtores não gastaram mais do que uma ou duas frases a falar da história.

Just Cause 3 será todo sobre fluidez e tempo de resposta, sobre libertar a criatividade do jogador. À excelente combinação de para-quedas e gancho do passado, junta-se agora um Wingsuit, mas existem mudanças. O para-quedas é agora uma plataforma mais lenta e estável, adequada para atacar os inimigos a partir de cima. O Wingsuit entra para substituir o papel do para-quedas nos jogos anteriores, permitindo saltos e manobras arriscadas pelos ares. A Avalanche garante que dedicou muito tempo na optimização das animações, de forma a garantir uma transição rápida e fluída entre as várias possibilidades de movimento de Rico, com o bónus de ser quase sempre possível utilizar as armas.

Como em Just Cause 2, terão a hipótese de carregar duas armas pequenas em simultâneo, ou uma arma grande - e desta vez Rico ainda pode meter as maiores armas às costas, não ficando limitado a usá-las sempre que as apanha. Outra novidade é o acesso ilimitado aos explosivos C4, que certamente permitirão desenhar todo o tipo de explosões insanas no mundo de jogo. Ficaram ainda promessas de mais armas e veículos à escolha dos jogadores, que poderão ser compradas e invocadas com um simples toque de um botão - como já acontecia em Just Cause 2, mas num processo mais rápido que no antecessor.

Também de regresso está o cabo de Just Cause 2, que permitia 'colar' duas entidades do jogo entre si, fosse um avião e um barco ou um inimigo e uma botija de gás. Em Just Cause 3 será possível ligar pelo menos três entidades diferentes, embora a produtora ainda esteja a considerar mais ligações com o cabo. Se esta opção já permitia algumas combinações loucas em Just Cause 2, mal podemos esperar para testar algumas teorias em Just Cause 3. Será que duas botijas de gás serão suficientes para levantar um jipe?

Não devem contudo confundir o aumentos das opções e possibilidades, com uma redução da dificuldade. Aliás, Just Cause 3 pareceu-nos um pouco mais difícil que o anterior. Isso ou estamos muito enferrujados. A ideia, com as alterações na jogabilidade, é incentivar (ainda mais) o estilo de jogo vertical. A ideia parece-nos fantástica, mas precisámos de algum tempo para nos ajustarmos à nova sensação do para-quedas, bastante mais lento que no passado. Até podem usar o lança-mísseis ou atirar C4 e granadas a partir do para-quedas. Ou seja, são muitas as possibilidades, mas vão exigir alguma habituação. Felizmente, experimentação e paciência parecem ser algumas das particularidades dos jogadores de Just Cause 3.

"Queremos que os jogadores se sintam confortáveis," disse-nos o diretor Lesterlin. "Quando olhámos para o para-quedas, decidimos criar uma plataforma mais estável que no passado, algo que pudesse ser usado para combate. O que implica conseguir apontar com maior eficácia sem explodir tudo à volta do alvo. Para o estabilizarmos, precisámos de o abrandar bastante, o que naturalmente retirou a facilidade de navegação que permitira no passado. Foi por isso que introduzimos o Wingsuit."

"Queríamos criar um sistema simples, como usar o gancho com um simples botão e depois abrir o Wingsuit com outro. Isso poderá deixar os jogadores pensarem 'será que consigo fazer alguma proeza maluca estilo herói de ação?', em vez de perderem tempo a pensar nos controlos. A complexidade não chega da execução dos movimentos em si, mas da imaginação do jogador. Por exemplo, agora podem ligar objetos com o cabo a partir do para-quedas e depois podem ligar-se a esses objetos. A nossa esperança é que os jogadores comecem a sorrir com as possibilidades do que podem fazer, e se isso acontecer, será algo muito bom."

Durante a apresentação informaram-nos que vai existir uma variedade muito maior de inimigos, que vão obrigar o jogador a adoptar táticas diferentes. Alguns soldados vão livrar-se rapidamente dos cabos, por exemplo, enquanto que outros serão capazes de igualar a ação vertical de Rico. Isto tudo além de tanques, aviões, helicópteros e muitos outros veículos e armas.

O caos vai continuar a ser uma componente determinante da ação, como era no passado, premiando o jogador por destruir objetos e estruturas Chaos. Uma das queixas de Just Cause 2, é que por vezes não era evidente o que era necessário destruir para conquistar um quartel ou base, mas essa área foi redesenhada por completo para informar o jogador devidamente. E também vai existir um número muito maior de objetos para explodir.

Just Cause 2, como tantos outros jogos, gozou de uma grande contribuição de modificações por parte dos jogadores de PC, e uma das mais populares foi a introdução do modo online não oficial. Apesar dessa evidente vontade dos jogadores, a Avalanche optou por não incluir qualquer modo multijogador em Just Cause 3. De qualquer forma, poderão competir com os amigos através de vários desafios assíncronos, que incluem corridas, sequências de destruição, manobras no Wingsuit e muito mais. Por falar em corridas, vale a pena referir a versão aquática das mesmas, já que a água vai agora incluir um sistema dinâmico de ondas - inspirado por Wave Race 64, segundo os produtores.

Um dos pontos mais fortes de Just Cause 2 foi a sua impressionante fundação técnica, e Just Cause 3 não é exceção. A versão que jogámos é ainda pre-alpha, ou seja, está muito longe de afinada, mas já tinha um aspeto fantástico. Quanto à escala do mundo de jogo, à semelhança de Just Cause 2, parece ser gigantesco. É demasiado cedo para ter uma ideia clara de até onde pode ir este Just Cause 3, mas o que experimentámos e vimos até agora é deveras promissor.

Just Cause 3 será lançado perto do final do ano, para PC, PS4 e Xbox One.