Português
Gamereactor
antevisões
Assassin's Creed: Unity

Assassin's Creed: Unity

Durante cinco horas de jogo encontrámos muitos elementos familiares e algumas novidades, mas não parece ser a "revolução" prometida.

HQ

Assassin's Creed: Unity está a ser promovido pela Ubisoft como um novo começo para a série, o início de uma etapa que será desenhada na nova geração de consolas e no PC. Parte desta revolução começou no último jogo, AC IV: Black Flag, quando a Ubisoft decidiu dedicar menos tempo e atenção ao lado contemporâneo da saga. Com isso em mente, partimos para uma sessão de jogo que se aproximou das cinco horas, com uma versão próxima de final (mas ainda a ser afinada), e embora existam de facto melhorias, não encontrámos a reinvenção anunciada.

Unity parece estar ainda a meio caminho dessa revolução. São visíveis algumas alterações importantes à fórmula do passado, mas parecem-se mais com ligeiras evoluções, e não revisões autênticas das mecânicas. O jogo é bonito, sem dúvida, e as animações melhoraram bastante desde os anteriores. Também existem mais distrações e atividades secundárias de qualidade, enquanto que a própria narrativa principal parece interessante e capaz de agarrar o jogador, mas Unity é um passo seguro em frente. Esperávamos um salto determinante em direção a novas aventuras e uma experiência inovadora, depois de sete capítulos de certa forma semelhantes. Apesar de estar em produção há vários anos - dividida sobretudo entre dois grandes estúdios - Unity parece ser um jogo cujo conceito foi restringido pelo calendário apertado que a Ubisoft tem de cumprir para a série, com lançamentos anuais.

Assassin's Creed: Unity

Os últimos jogos da série levaram-nos para o alto-mar, enquanto comandávamos enormes navios de guerra, mas para recomeçar a série na nova geração, a Ubisoft regressou ao conceito original. Vão voltar a reencarnar um jovem que tenta aprender os princípios e os meios da Irmandade, enquanto navega uma enorme cidade a brilhar com vida. Isso significa que vão voltar a reaprender todas as ações, o que em termos práticos se traduz num sistema de evolução ao estilo de Far Cry 3.

Publicidade:

Não esperem começar Unity como se fossem um mestre-assassino como Ezio Auditore. Terão de evoluir para ganharem habilidades como a morte-dupla com as duas lâminas ou até para receberem o emblemático manto de assassino. Esta nova sessão de jogo considerável colocou-nos no centro de Paris, na última missão de treino de Arno. Em essência trata-se do primeiro contrato de assassinato do protagonista, sem ser guiado pelo seu mentor. Gostamos que o início do jogo tenha um ritmo mais pausado e natural que Black Flag, embora não nos pareça tão exagerado e aborrecido como o de Assassin's Creed III.

Passámos perto de cinco horas nesta versão impressionante da capital francesa, o que nos permitiu jogar através das sequências 3 e 4. Jogámos uma mão cheia de missões de história, juntamente com alguns objetivos secundários, até que eventualmente mudámos de consolas para experimentarmos uma missão de dois jogadores e outra com quatro. O modo cooperativo é uma das grandes novidades, e substitui o modo competitivo do passado, que não estará presente em AC: Unity.

Assassin's Creed: Unity

As nossas impressões ao fim das cinco horas ainda se dividem, embora existam vários elementos positivos a relatar. Uma das novidades do jogo é a introdução de um sistema de personalização de Arno, muito mais robusto (que se estende ao multijogador) que nos AC anteriores, e de onde as habilidades são apenas uma parte. Ter de desbloquear ações já tão enraizadas da série, como atirar moedas para distrair os cidadãos, pode parecer um pouco chato ao início, mas isto também significa que vão apreciar melhor cada uma destas habilidades, e que podem moldar o vosso estilo de jogo. Também podem melhorar a agilidade e a defesa de Arno, por exemplo. De forma semelhante, também podem melhorar a vossa capacidade com certos tipos de armas, seja com armas mais poderosas e pesadas, ou com lâminas mais discretas e velozes. A cereja no topo do bolo é um novo sistema de peças de vestuário que podem equipar, com várias cores e formatos (até já é possível verificar algumas das combinações possíveis no site da Ubisoft). É bom ver que Unity terá maior diversidade que os antecessores.

Publicidade:

É também preciso referir os valores de produção, muito superiores ao que vimos no passado da série, e até noutros jogos de nova geração. As cutscenes são soberbas, e as personagens conseguem quase todas capturar a atenção dos jogadores. Quanto ao próprio Arno, ainda é cedo para o julgar enquanto protagonista, mas teria sido agradável ouvi-lo com um sotaque francês mais evidente, à semelhança de Ezio Auditore e o seu sotaque italiano. Em vez disso, terão de se ficar com um ocasional "merci".

Gostámos também dos objetivos secundários que experimentámos. São pequenas histórias de Paris, que permitem explorar as várias habilidades de Arno, e que oferecem maior contexto ao que a cidade passou durante a Revolução Francesa. Uma das atividades secundárias mais interessantes da nossa sessão levou-nos a ouvir histórias sobre um homem enorme, que estava a matar indivíduos na zona pobre da cidade. Eventualmente chegámos a uma casa com mobília maior que o normal, até que... bom, é melhor descobrirem o resto no jogo. Outro episódio interessante levou-nos até uma 'esquadra' da polícia, onde iniciamos uma investigação a um homicídio misterioso, que está a deixar a polícia perplexa. Isto levou-nos a procurar pistas e a indicar suspeitos, mas durante o nosso tempo de jogo não desbloqueámos a missão seguinte desta atividade.

Assassin's Creed: Unity

A introdução de figuras marcantes e reais de cada período na história da saga é algo a série tem feito com eficácia oscilante. Black Flag, por exemplo, optou por uma representação algo exagerada e muito livre de cada figura, o que até funcionou considerando o contexto de piratas. Unity segue um percurso diferente, ao presentar o jogador com uma sequência de memórias de cada alvo principal de assassinato. Vão perceber a sua importância nos eventos recentes e os seus desejos mais íntimos, além de terem um vislumbre de que os terá auxiliado nos seus objetivos. Ou seja, parece que com cada assassinato bem sucedido, vão receber mais uma peça do puzzle que liga templários, monarquia e os eventos da revolução.

Todo o processo que leva a esta conclusão é, no entanto, muito familiar. Cada uma das missões de assassínio oferece múltiplos caminhos, potenciais alvos secundários e outros dados específicos a cada missão. Serão incentivados a explorar opções e alternativas, mas quando chega o momento da verdade, continuam à espera da oportunidade perfeita para eliminarem o alvo. Esperávamos ter encontrando um pouco mais de variedade nas forma de eliminar os alvos.

Assassin's Creed: Unity

Isto leva-nos aos controlos. O sistema de movimento livre e de 'parkour' foi remodelado, agora atribuído a dois botões, onde um permite subir pelas estruturas, e outro descer. Foi no entanto desapontante perceber que ainda não foi desta que a Ubisoft resolveu os problemas de perícia, já que Arno subiu frequentemente por elementos que não eram os desejados.

Imaginem, por exemplo, que queríamos saltar para uma janela em frente, mas Arno acabava sempre aos lados ou em baixo. É uma ação frustrante, mais ainda quando estão a jogar com outros três jogadores. Pior ainda, podem chocar e acabarem os dois na rua. Ou assistir a uma visão já muito habitual para jogadores da série, enquanto Arno sobe por uma parede acima, sem encontrar onde se agarrar depois.

É um sistema faltoso, que pode quebrar o ritmo do jogo ou pior, causar problemas desnecessários ao jogador. Para sermos totalmente justos, é preciso recordar que a produção do jogo não está concluída - falta mais de um mês ainda para o lançamento. Ainda assim, e tendo em conta que são problemas que existem desde o primeiro jogo da série, esperávamos que estivessem já resolvidos para a nova geração. É ainda mais estranho quando consideramos que existem outros jogos, como Tomb Raider ou até Watch Dogs, que têm mecânicas semelhantes mas mais eficazes.

Com tudo isto em mente, Assassin's Creed: Unity parece-nos maior e melhor, em quase todos os campos, mas este é o sétimo capítulo da saga principal, e o primeiro criado de raiz para a nova geração. Para os grandes fãs da saga, será provavelmente suficiente, mas esperávamos e desejávamos algo diferente, uma experiência renovada. Não nos parece que isso vá acontecer, mas estamos ainda assim com expetativa para ver o que nos trás a versão final e completa do jogo.

Assassin's Creed: UnityAssassin's Creed: UnityAssassin's Creed: UnityAssassin's Creed: Unity
HQ

Textos relacionados



A carregar o conteúdo seguinte