South Park: The Fractured but Whole

Como se muda um jogo como South Park que, para aquilo que é, era quase perfeito? A resposta é - não se muda. Ou pelo menos, não se muda a base. O jogo conseguiu cumprir quase tudo a que se proponha. Os gráficos recriaram na perfeição o aspeto da série televisiva, o desempenho dos atores (os mesmos da série) era fantástico, e o argumento (escrito pelos criadores da série) levou-nos às lágrimas de tanto rir. Em cima disso tudo existia ainda um RPG por turnos, inteligentemente disfarçado de um jogo de crianças. The Fractured but Whole é uma clara continuação desse conceito, mas com algumas mudanças de conceito. O sistema de combate tornou-se mais profundo, e a temática passou de elfos e magia para super-heróis.

Antes de continuarmos, sim, os peidos não foram a lado nenhum, e permanecem um elemento da jogabilidade. Isso tornou-se ainda mais evidente na Gamescom, onde o infame Nosulus Rift (dispositivo que nos amarraram ao nariz) nos deixou más memórias do cheiro que daí saía. Foi engraçado para os propósitos da feira, mas em casa vamos definitivamente preferir jogar sem o dispositivo. Mas obrigado pelo mau cheiro Ubisoft!

Naturalmente, o humor irreverente de South Park está também de volta. Os super-heróis atravessam atualmente uma era dourada em termos de cinema e televisão, e existe uma grande disputa entre as duas maiores editoras de super-heróis, a DC e a Marvel. Como é óbvio, South Park atira-se às duas editoras com total ferocidade. Se viram o trailer da E3 (e se não viram, podem fazê-lo em baixo), a rapaziada de South Park entrou numa espécie de Guerra Civil (o tema do último filme do Capitão América). Em resumo, o problema que divide os rapazes é a decisão entre quem terá os primeiros filmes, e quem será relegado para uma série televisiva. Podem seguir Cartman, que pretende roubar a fórmula da Marvel, ou Stan, que tem uma ideia muito diferente da forma que devem avançar. É um conceito hilariante, sobretudo para quem tem um interesse em super-heróis.

O sistema de combate é excelente. Em The Stick of Truth o combate foi funcional de princípio ao fim, mas nunca muito profundo. The Fractured but Whole acrescentar uma grelha por onde podem movimentar as vossas personagens, o que abre a possibilidade de atingir dois inimigos caso se posicionem corretamente. Alguns ataques também atiram com o oponente para fora da sua área, o que pode ser usado de forma estratégica. Numa ocasião até conseguimos atirar o inimigo ao encontro de outro elemento da nossa equipa, o que aumentou ainda mais o dano que recebeu. Não jogámos muito tempo, mas esta amostra mostrou uma boa evolução do combate.

Embora esteja melhor, não acreditamos que o combate seja muito desafiante. Esse não é realmente o objetivo de The Fractured but Whole, tal como não foi o de Stick of Truth. É um jogo onde o combate e a jogabilidade são uma peça fulcral da experiência, mas não a mais importante. O que realmente importa aos jogos de South Park é contar uma estória e piadas que divirtam o jogador, por vezes surpreendendo-o com maluquices inacreditáveis (como vacas zombies nazis). Não é um jogo que pretende ser equilibrado, e que não se importa de oferecer ao jogador um poder estupidamente exagerado se isso for engraçado. É importante que abordem os jogos de South Park com a mentalidade certa.

South Park: The Fractured but Whole parece-me em muitos aspectos com o primeiro jogo da série, mas com mecânicas melhoradas, e uma nova estória e temática. A verdade é que conseguiram montar a fórmula perfeita com o primeiro jogo, logo não havia necessidade de reinventar a roda. O humor é fantástico, o sistema de combate tem profundidade, e os peidos cheiram pior que nunca (podemos atestar a esse facto graças ao Nosulus Rift). Normalmente, dizer que um jogo é mais do mesmo em relação a uma prequela, é visto como um ponto negativo, mas neste caso parece-nos claramente um ponto a favor.