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The Witcher 3: Wild Hunt

The Witcher 3: Wild Hunt

A última aventura de Geralt é um jogo obrigatório, mesmo que sofra com alguns sistemas obtusos.

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The Witcher 3: Wild Hunt é um jogo rico. Rico porque tem um massivo mundo de jogo, abençoado com um grafismo de luxo. Rico em termos de quantidade, qualidade e variedade das tarefas e missões que apresenta. E rico porque inclui um design fantástico das personagens, que ganham vida com um argumento de grande qualidade e um trabalho impecável dos atores de voz. The Witcher 3 é um RPG (de ação, praticamente), que goza com as atividades sem alma e profundidade de outros jogos inferiores em mundo aberto. Witcher 3 é um jogo rico, mas não é perfeito.

Como nos dois jogos anteriores, vão jogar como Geralt of Rivera, um mutante caçador de monstros sempre disponível para ser contratado pelo preço certo, mas que vai partir numa jornada muito pessoal neste derradeiro capítulo de uma trilogia. Uma aventura que se mistura e liga com os destinos de outras personagens que vai conhecendo pelo caminho ou que conheceu noutras ocasiões. Desse arco narrativo principal vão multiplicar-se várias histórias e missões secundárias; algumas de grande importância, outra mais subtis, mas todas intrigantes. Não vão encontrar muitas daquelas missões chatas e básicas de "mata X número de inimigos," ou "apanha Y número de itens iguais," que normalmente agastam jogos deste género. Neste (e noutros) aspetos, The Witcher 3 define um novo padrão de qualidade para os jogos em mundo aberto.

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Cada missão é uma oportunidade para ganharem pontos de experiência, renovarem o equipamento e conhecerem novos monstros. O sistema de combate em tempo real será o pilar da jogabilidade, enquanto tentam sobreviver no mundo selvagem - e às vezes nas cidades "civilizadas" - de The Witcher 3: Wild Hunt. Terão duas espadas ao vosso dispor; uma para combater humanos, outra para matar monstros, mas não se preocupem porque Geralt vai buscar automaticamente a espada correta para cada ocasião. Podem realizar ataques fortes ou rápidos, bloquear, defender e evitar investidas inimigas. Também têm acesso a cinco feitiços base (ou Signs), rapidamente selecionáveis através do gatilho, que oferecem uma boa gama de capacidades ofensivas e defensivas. Cada um destes feitiços vai drenar um pouco de adrenalina, que é recarregada com o tempo. Agora também terão acesso a uma besta (arma), para ataques de longo alcance.

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Podem pensar que é um leque de ações algo limitado para um RPG, mas como quase tudo em Wild Hunt, o combate é uma questão de nuance, contexto e conhecimento. Por exemplo, um ataque em cima do cavalo pode decapitar um inimigo, mas o movimento de Geralt é mais lento do que quando está no chão, por isso o timing da ação também é diferente, e precisam de corrigir o ângulo de ataque e a velocidade. Acertem, e vão ver a cabeça do inimigo rolar pelo chão.

Vão enfrentar uma grande variedade de criaturas e monstros, cada um exigindo uma abordagem específica, vulneráveis a diferentes condições ou feitiços. As vossas táticas para eliminarem um grupo de bandidos terá de ser completamente diferente da que vão utilizar para matar uma matilha de lobos. Tal como será diferente enfrentar um adversário bem equipado ou um enorme monstro lento. Precisam de saber quando devem defender ou quando devem evitar o ataque por completo, e isso é apenas a ponta do icebergue.

Algumas situações são previsíveis e comuns aos videojogos. Criaturas cheias de pêlo serão naturalmente mais vulneráveis a um feitiço de fogo que os queime, por exemplo, mas outros confrontos pedem uma reação mais espontânea e criativa. Aproxima-se um inimigo a cavalo, por exemplo, pronto para carregar sobre o jogador. Quem tal controlar a mente do cavalo para que pare e atire com o inimigo que carrega?

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Ao contrário de outros RPG, o nível dos inimigos não sobe em conformidade com o do jogador, está antes pré-estabelecido de início. Quando aceitam uma nova missão, vão receber um aviso sobre o nível mínimo com que devem abordar esse objetivo, mas enquanto percorrem o vasto mundo de Witcher, não vão ter esses avisos. Ao caminharmos pela montanha encontrámos uma espécie de grifo que nos matou com um só golpe. Noutra ocasião precisámos de 10 minutos para derrubar um enorme inimigo, mas quando conseguimos, sentimos-nos os maiores. Pouco depois, numa luta com um grupo de bandidos, acabámos desfeitos numa questão de segundos. The Witcher 3 vai obrigar-vos a estarem sempre prontos e atentos ao vosso redor.

Existe uma profundidade tremenda no combate de The Witcher 3, que em teoria será um dos pormenores mais interessantes do jogo, mas que infelizmente é prejudicado por menus obtusos e um tutorial incompetente. Estamos a falar das preparações que antecedem os combates mais importantes. Quando estão a caçar um monstro ou um grupo de monstros, devem estudar o inimigo e preparar a batalha com antecedência. Existe um vasto bestiário que sugere o tipo de poções ou óleos de espadas que podem usar para ganhar vantagem contra cada tipo de inimigo. É uma boa forma de aumentarem o vosso conhecimento sobre o mundo de The Witcher, enquanto que ao mesmo tempo facilitam o combate.

Para isso precisam de preparar e criar as poções, os óleos e os itens (como bombas) que vão usar. Como acontece na maioria dos RPG, vão recolher os materiais necessários através de missões, espólios ou plantas que encontram pelo mundo. O mais curioso é que, enquanto procuram ingredientes, podem encontrar outras missões ou tarefas secundárias para cumprir. Vão mergulhar em lagos à procura de algas, saquear ruínas em busca de materiais ou caçar monstros mais fracos para conseguirem os seus Mutagens. Existe muito para fazer em Witcher.

Infelizmente, nem tudo é assim tão simples. Precisávamos de Wolfsbane para criar um veneno, de forma a travar o rápido processo de regeneração de um lobisomem. O problema é que não fazemos ideia de onde cresce, e o único herborista de que nos lembrávamos vivia a uma distância considerável. Noutra ocasião, enquanto tentávamos criar uma armadura a partir de uns esquemas que encontrámos, tivemos de desistir porque não tínhamos as Dark Plates necessárias para concluir o processo. Tivemos de procurar um ferreiro e depois pesquisar dolorosamente cada artigo para perceber se podiam ser desfeitos em Dark Plates, mas não conseguimos. O jogo podia ser mais claro neste tipo de pormenores.

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O sistema de menus e inventário não é muito amigável, ao ponto de que, mesmo passadas dezenas de horas de jogo, ainda não conseguimos dominar totalmente o sistema. The Witcher 2, embora um fantástico RPG, podia ser uma experiência penosa para quem não estava familiarizado com o universo. Witcher 3 corrige muitos desses problemas, excepto os exemplos mencionados em cima. Percebemos que algum público hardcore possa apreciar esse desafio extra, mas para a esmagadora maioria, a experiência só ficaria a ganhar com um sistema mais acessível.

Igualmente profundo, mas menos confuso, é o sistema de evolução de Geralt, que funciona à base de pontos de experiência. É uma série de habilidades e vantagens que podem desbloquear em várias áreas dos atributos de Geralt, que terão de selecionar cuidadosamente para definirem o vosso estilo de jogo. Witcher 3 não tem a variedade de Skyrim, onde podem ser um mago que invoca mortos-vivos ou um assassino arqueiro, mas a CD Projekt Red parece ter-se esforçado por criar um sistema amplo para os jogadores explorarem. Honestamente, não nos parece existir uma fórmula direta para criar o "melhor" Geralt, apenas o "vosso" Geralt.

A série de Witcher é conhecida por ter um enredo envolvente, e este terceiro capítulo não desaponta. Gostamos particularmente que existam várias camadas de imersão para o jogo, dependentes das escolhas do jogador. Podem obter informações adicionais ou um contexto mais específico das situações que vão encontrar durante os diálogos, ou podem partir diretamente para o que interessa. Gostamos também da natureza ambígua do jogo, onde quase nada é tão simples como "bom e mau".

Se têm acompanhado notícias de The Witcher 3, já sabem que a espaços vão também controlar Ciri, uma personagem feminina que Geralt procura. Embora a força narrativa destes momentos seja significativa, Ciri é menos interessante em termos de combate do que é Geralt, e essa diferença torna-se ainda maior com o passar do tempo, enquanto o protagonista evolui e Ciri permanece estagnada.

Este é apenas mais um elemento extra de um jogo que está recheado de conteúdo para absorverem, tudo colado por um mapa sem ecrãs de carregamento e que não deve nada em termos de escala a The Elder Scrolls V: Skyrim. Mais importante que a escala, é a qualidade do mundo que vão visitar, recheado de personagens que continuam a sua rotina e que conversam e comentam entre si, acrescentando um nível de imersão fabuloso. Por isso mesmo é fácil perder o foco se começarem a divagar demasiado pelo mundo, enquanto esquecem as personagens associadas às muitas missões que vão recolhendo. O nosso conselho? Tentem ficar numa região enquanto cumprem as missões, antes de avançarem sem rumo pelo mundo, ou eventualmente terão uma lista de missões esmagadora para cumprir.

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Segundo indicou a CD Projekt Red, The Witcher 3: Wild Hunt pode ser terminado em 25 horas, ou este terá sido o tempo mínimo que um dos jogadores de teste precisou para acabar a história o mais rapidamente possível. Mas... se estão mesmo interessados em The Witcher 3, não vão querer abordar o jogo dessa forma. Este é o tipo de mundo de jogo que merece ser explorado e desfrutado. Ao conversarem com personagens, ou ao interagirem com o mundo, vão assinalando pontos de interrogação no mapa, de eventuais localizações importantes, mas existe muito mais para descobrir enquanto exploram. O jogo faz um bom trabalho de indicar o caminho ao jogador, mas se preferirem uma experiência mais pura, também podem desligar várias indicações e pistas para os objetivos. Nada como utilizar o excelente sentido de Witcher ao serviço de Geralt para tentar encontrar o objetivo.

O mundo é de tal forma dinâmico, que podem ativar várias missões quase sem querer, ou até mudar o sentido de alguns eventos. Por exemplo, ao tentarmos negociar com um mercador, ele informou-nos que gostaria de ajuda para encontrar e salvar o seu irmão - uma personagem que horas antes tinha morrido enquanto o tentávamos salvar de vários monstros. O mundo e as personagens vão acompanhar as vossas ações ao longo do jogo, e um guarda pode comentar a luta que começaram numa taverna, por exemplo.

The Witcher 3: Wild Hunt é um jogo carregado com conteúdo interessante, imersivo e diverso. Não chegámos a ter uma ligação tão forte com Geralt como tivemos com John Marston de Red Dead Redemption, ou Ellie de The Last of Us, mas Geralt é ainda assim um protagonista forte, envolvido num dos melhores jogos desta geração. Só é pena que o seu inventário e sistema de criação de itens sejam tão obtusos.

Podem ver uma enorme galeria de imagens exclusivas aqui.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
Mundo de jogo massivo. Missões variadas e com qualidade. Diálogos e vozes soberbas. Conteúdo que nunca mais acaba.
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Alguns sistemas, como a criação de itens, deviam ser simplificados.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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