Grow Home

Convém estabelecer já de início a premissa de Grow Home. Neste jogo vão desempenhar o papel de um B.U.D. (Botanical Utility Droid), que tem como missão explorar um planeta desconhecido. Ao chegarem, vão perceber que este (deveras pequeno) planeta é maioritariamente coberto por água, e que apenas existe uma ilha na superfície, sobrevoada por outras pequenas ilhas flutuantes.

Nessa ilha principal está uma Star Plant enorme, que pode crescer imenso se for cuidada. Ao crescer, irá permitir acesso às ilhas flutuantes. Esta passa a ser rapidamente a premissa primária de Grow Home, a de cuidar da Star Plant para que continue a crescer imenso de forma a que possam visitar novos locais.

A planta também tem algumas sementes vermelhas, que quando são agarradas, crescem na forma de enormes gavinhas verdes. Ao aplicarem pressão conseguem controlar o crescimento destas gavinhas, que podem usar para tentar aceder a outras localizações. Algumas ilhas flutuantes mais pequenas têm uma ligação amarela, onde devem ligar a gavinha. Ao fazerem-no vão provocar o crescimento central da planta. Estas ilhotas estão espalhadas pelo mundo, forçando-vos a criar essas ligações, enquanto tentam não perder o equilíbrio e cair para o oceano.

Com o passar do tempo, as gavinhas vão criar um ambiente único em que a enorme planta se estica em todas as direções. Isto cria um estranho cenário como nunca vimos num videojogo, de tal forma que por vezes parávamos só para apreciar o mundo que estávamos a ajudar a criar. O pequeno andróide também consegue apanhar flores e folhas, que pode usar como uma espécie de para-quedas primitivo. Deslizar pela vasta vegetação que criaram é uma sensação fantástica.

Grow Home tem um conceito muito peculiar e emprega um estilo artístico que encaixa como uma luva, lembrando outros jogos que utilizaram Cel-Shading, como The Legend of Zelda: Wind Waker ou AER (antevisão aqui). Não é, obviamente, um mundo muito detalhado, mas as cores e o formato tornam a paisagem magnífica.

Parece tudo muito bonito, certo? Mas não é, pelo menos na nossa opinião. Existem outras análises na internet que estão completamente maravilhadas com o jogo, mas a nossa experiência foi prejudicada por um sistema de controlos longe de ideal. B.U.D. é um pequeno robô cheio de charme, mas também é muito trapalhão e um pouco difícil de controlar. Ele pode trepar praticamente todo o tipo de superfície com as suas mãos magnéticas, mas por vezes foi difícil coordenar a introdução das ações no comando e a resposta do robô. Terão de empregar um estilo de abordagem muito lenta e cuidada ao vosso progresso, ou correm o risco de cair repetidamente. Não nos parece a melhor abordagem para o jogo.

Percebemos que estas ações trapalhonas fazem parte do encanto de B.U.D., mas pareceu-nos excessivamente exagerado e limitado, ao ponto de nos enfurecermos com a recusa do robô em obedecer às nossas instruções. O que é uma pena, porque gostamos bastante do conceito do jogo. É uma experiência inovadora e peculiar, que só é prejudicada pelos controlos atabalhoados.

À semelhança de outros jogos digitais, Grow Home oferece algo singular, algo genuinamente maravilhoso. Daí termos continuado a jogar mesmo que em constante confronto com os controlos. A frustração começou a diminuir passado algum tempo, enquanto aprendíamos a levar tudo com calma, mas não gostámos de ter essa abordagem imposta pelos controlos do jogo.

Dito isto, é preciso dar algum 'desconto' a Grow Home, que está longe de ser algo ao nível dos outros projetos da Ubisoft. Isto é o trabalho de uma equipa interna da Ubisoft Reflections, e o próprio preço (€ 7.99), reflete isso mesmo. É um conceito muito forte, que tem de ser recomendado pela sua originalidade e beleza, mas que é agastado pelos controlos medíocres.