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FIFA 15

FIFA 15

Não tenham dúvidas, FIFA 15 é um jogo muito diferente de FIFA 14, com várias melhorias... mas nem tudo mudou para melhor.

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Mais um ano, mais um FIFA. "Deve estar quase igual ao anterior," afirmam alguns descrentes, e de certa forma é verdade. FIFA ainda é um simulador de futebol, baseado numa estrutura semelhante à do ano anterior (e assim sucessivamente). Nesse sentido, está de facto igual, mas o mito de que a jogabilidade é sempre a mesmo não corresponde totalmente à verdade. Qualquer jogador regular de FIFA será imediatamente capaz de detetar diferenças para a edição seguinte, e FIFA 15 não é exceção. Aliás, de certa forma até pode ter mudado em demasia.

A transição de FIFA para a nova geração começou o ano passado. FIFA 14 de PS4 e Xbox One estreou a nova tecnologia da EA Sports, Ignite, e existiam diferenças óbvias para a versão da geração anterior. Aquela era a melhor versão de FIFA 14, mas ainda não nos parecia um verdadeiro jogo de futebol de nova geração. Tínhamos por isso expetativas para ver se seria FIFA 15 a dar esse salto, mas na nossa opinião, ainda não foi desta.

Não nos interpretem mal, FIFA 15 tem um aspeto soberbo e graficamente é muito superior às versões PS3 e Xbox 360, mas ainda não nos parece um verdadeiro jogo de nova geração. Em parte isso deve-se à utilização dos mesmos modelos de jogadores e de estádios que a geração anterior, e enquanto não for tudo criado de raiz, este problema irá manter-se. Ainda assim, existem alguns melhoramentos visuais comparando com FIFA 14.

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Alguns jogadores, sobretudo os mais conhecidos, apresentam uma grande semelhança com os seus congéneres reais, embora isto só seja visível em alguns casos (uma boa fatia dos atletas da Premier League foram recriados para o jogo, bem como todos os estádios). Na liga portuguesa vão encontrar faces maioritariamente genéricas, salvo raras exceções. Nani, por ter sido recriado no passado enquanto jogador da seleção e do Manchester United, é um dos poucos que teve direito a tratamento personalizado, à semelhança de Júlio César, por motivos semelhantes.

Quanto aos estádios e às bancadas, seguem o mesmo registo que a edição do ano passado, com um público em 3D que reage em contexto aos golos contra e a favor. Em alguns estádios e jogos específicos até podem contar com alguns detalhes extra, como o público a segurar folhas de cartão que formam o emblema do clube quando as equipas estão a entrar em campo. Toda a apresentação que se segue, desde a constituição das equipas, aos cumprimentos dos atletas, é de grande produção, embora a maioria dos jogadores vá optar por passar tudo isso à frente.

Existem detalhes deliciosos, como os operadores de câmara, os apanha-bolas, os treinadores e os suplentes que preenchem o redor do campo. FIFA 15 cresceu muito em termos de pormenores paralelos ao jogo, mas não só. Mesmo dentro do campo em si foram acrescentados alguns pormenores novos.

O relvado em FIFA 15 fica marcado e desgastado com o decorrer da partida. Pegadas, quedas, carrinhos... tudo fica marcado no relvado durante todo o jogo, entre outros pormenores causados pelas condições meteorológicas (até as camisolas ficam enlameadas realisticamente!). Também foram introduzidas animações novas para várias situações de jogo, como discussões entre jogadores depois de entradas mais duras, incentivos aos guarda-redes depois de uma boa defesa, e o recuo das mãos por parte dos defesas quando estão dentro da área. Pormenores interessantes, mas que deveriam ter sido mais trabalhados, já que algumas destas situações são representadas em animações algo bruscas.

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Também existem mais interrupções, como ângulos de câmara para pontapés de baliza, marcações de cantos e lançamentos de linha lateral. Embora sejam novidades que aproximam ainda mais FIFA 15 de uma verdadeira transmissão televisiva, pareceram-nos introduções algo intrusivas, que a maioria dos jogadores irá passar à frente.

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Apesar de todas as novidades visuais e atmosféricas, o que importa mesmo é a jogabilidade. Muito está diferente em relação ao ano passado - algumas coisas para melhor, outras para pior. De imediato vão perceber que o ritmo do jogo foi acelerado, com movimento mais veloz dos jogadores e passes mais rápidos. A fluidez é impressionante, e para alguns jogadores, até será exagerada. Se for o caso, podem abrandar a velocidade nas opções.

Na nossa opinião, a maior novidade na jogabilidade de FIFA 15 é o drible. Os toques dos jogadores na bola foram vastamente melhorados, não só em termos de direção, mas também de realismo e imprevisibilidade. Cada toque na bola afasta-a do pé do jogador, mas ao contrário dos anteriores, a distância nunca é sempre a mesma, e depende agora de vários fatores. Isto significa um jogo com a bola muito mais solta e independente dos jogadores, e consequentemente, pode ser roubada com maior facilidade - uma das poucas vantagens dos defesas neste FIFA.

A nova imprevisibilidade, mas também controlo acrescido sobre a direção e mudança de velocidade dos dribles, significa que é mais fácil passar por um defesa só a driblar a bola. Isto aplica-se ao inverso - é claramente mais difícil defender em FIFA 15, por dois motivos. O primeiro prende-se com o drible melhorado, e o segundo com um timing ainda mais exigente para o tempo corte e para as entradas de carrinho, menos eficazes que no passado.

Sinceramente, parece-nos exagerado. Gostamos do modo de defesa manual, implementado há uns anos, que é claramente mais exigente, mas existem várias situações em que o corte deveria ser feito, mas o pé do jogador simplesmente não vai na direção da bola. Noutras ocasiões deveria existir uma entreajuda da IA, e o jogador deveria simplesmente apanhar a bola. Isto acontecia em FIFA 14, mas já não acontece com tanta frequência em FIFA 15.

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Outra situação que piorou o jogo defensivo está nas movimentações da IA. Enquanto os jogadores que atacam agora conseguem encontrar muito mais espaços e movimentam-se melhor, os jogadores que defendem já não acompanham tão bem esses movimentos, o que por vezes abre buracos autênticos na defesa ou leva a que vários jogadores troquem de posição momentaneamente (como o defesa central ir à linha lateral defender e o médio centro recuar para defesa).

Existe, contudo, uma compensação para as debilidades da defesa. Os remates foram alvo de uma grande remodelação, e estão agora muito mais imprevisíveis e fora do controlo do jogador. No passado estes remates já eram afetados por vários fatores, desde a velocidade do atleta aquando do remate, ao pé utilizando, passando pela qualidade do atributo de remate do próprio. Em FIFA 15 esses parâmetros parecem ter um impacto muito maior na direção e força do remate. Vão ver muitos tiros fracos e/ou para fora, mas também algumas bombas espetaculares. É tudo um pouco aleatório, o que torna a situação mais realista, mas potencialmente também mais frustrante.

O mesmo aplica-se aos cruzamentos, que podem ser muito adiantados ou atrasados em relação ao colega pretendido. No entanto, quando conseguem fazer um cruzamento com peso e medida, e acertam em cheio na bola com o avançado, é um momento glorioso. Nota ainda para os cabeceamentos, muito mais potentes e variados.

Apesar de todas estas (e outras) mudanças na jogabilidade, a que foi mais promovida pela EA Sports acabou por ser a remodelação dos guarda-redes. Depois de instalarmos a atualização de FIFA 15 (altamente aconselhável), não verificámos mais problemas de maior com os guardiões. As animações novas são soberbas e embora ainda cometam erros, parecem ser falhas naturais, plausíveis de acontecerem durante partidas de futebol, e não problemas de programação ou comportamento.

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A inteligência artificial apresenta algumas falhas, mas sobretudo entre os jogadores de campo. Em FIFA 14 era enfurecedora a forma como a IA trocava a bola na defesa, mesmo sobre grande pressão. Isso já não acontece em FIFA 15. Quando estiver 'apertado' um defesa não terá qualquer problemas em atirar a bola para a bancada. Gostamos da atitude, embora por vezes seja exagerado e existam linhas de passe óbvias. O maior problema da IA, como referimos em cima, é a facilidade com que saem das suas posições, em particular os colegas da equipa do jogador. Não é grave, mas é algo que deveria ser revisto numa atualização futura.

Existem outros toques novos na inteligência artificial, em contexto com a realidade da partida. Se estiver a ganhar, e a equipa adversária foi equiparável ou superior, a IA vai recuar para a sua defesa e até pode "estacionar o autocarro" na baliza. Perto do final do jogo, e se estiver junto da grande área adversária, a IA até tentará proteger a bola junto à bandeirola de canto, para ganhar tempo. É enfurecedor, tal como quando isto acontece na vida real ao nosso clube.

Aliás, por toda a conversa sobre jogos violentos e violência, nenhum outro nos deixa tão furiosos e nos leva a reações tão idiotas como FIFA, e a edição deste ano não é exceção. Mas, por todas as vezes que atirámos um comando em fúria, e prometemos não voltar a jogar FIFA, voltámos minutos mais tarde dispostos a nova tentativa. É assim a nossa relação com FIFA 15, e suspeitamos que será idêntica à de muitos outros jogadores.

Mas há mais. FIFA 15 introduz várias celebrações novas, e mesmo as corridas por defeito dos atletas são muito mais realistas e entusiasmantes. Tudo isto é feito em contexto, ou seja, o primeiro golo é festejado efusivamente, enquanto que os seguintes serão muito menos efusivos. A nova vibração da câmara, como que a reagir aos pulos do público, é um toque de génio. Tudo isto ajuda a aumentar a satisfação de marcar um golo em FIFA 15.

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Fora do campo também existem algumas novidades, mas nada de excecional. Mais uma vez vão encontrar dezenas de desafios que devem experimentar, Skill Games que vos podem ajudar a melhorar em todos os departamentos da jogabilidade e que são genuinamente divertidos. A carreira e Ultimate Team Mode, os modos mais populares de FIFA, estão obviamente de volta. Nenhum apresenta novidades de grande relevância (excepto talvez os empréstimos de jogadores em Ultimate Team), mas estão mais refinados e equilibrados que o ano passado. O modo carreira, em particular, sofreu grandes alterações em 2013, como o sistema de 'scouting' de jogadores, mas está mais sólido em FIFA 15.

Os fãs de nova geração ficarão satisfeitos por saberem que o modo torneio, inexplicavelmente ausente de FIFA 14, está de regresso para a nova edição. Existem muitas opções para os jogadores escolherem, desde o modo em que jogam 11 contra 11, ao novo Co-op Season, onde dois jogadores podem unir forças para defrontarem outras duplas online.

Uma das maiores novidades ao nível de modos é o Match Day, uma função que permite acompanhar notícias reais do vosso (e de outros) clube. A sua classificação na liga, o melhor marcador, o próximo jogo (que podem recriar) e outros pormenores interessantes. Este modo é fornecido pelo Goal.com e também considera os clubes portugueses. Um toque sem muita importância, mas agradável.

Mais importante é a remodelação efetuada ao gestor de equipas. Agora podem organizar o plantel, as táticas e os comportamentos individuais dos jogadores com maior facilidade e eficácia. É um ponto realmente brilhante, que tem impacto real no comportamento dos jogadores em campo. Um jogador casual podem optar pelas formações predefinidas, mas existe espaço para que os mais dedicados definam ao pormenor a tática da sua equipa.

FIFA 15

FIFA 15 é um jogo massivo. A quantidade de conteúdo é absolutamente inacreditável, e todos os anos cresce mais um pouco. No que respeita a modos de jogo, não existem grandes novidades, mas qualquer amante de futebol irá encontrar algo à sua medida em FIFA 15.

É FIFA 15 melhor que FIFA 14? Sim... em alguns aspetos. Outros, estão ligeiramente piores. Mas não tenham dúvidas de que se trata de um grande jogo de futebol. O jogo por vezes parece acusar a quantidade de sistemas, animações e comportamentos que a EA implementa todos os anos, e sinceramente, gostaríamos que FIFA 16 tivesse menos novidades, e que em vez disso a EA Sports se dedicasse a afinar e a apurar o que já existe. Para concluir, FIFA 15 não é um jogo obrigatório, excepto para quem é realmente um fã tremendo da série ou de Ultimate Team Mode. E se é esse o caso, o mais provável é já terem encomendado o jogo.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Ambiente fantástico nos estádios. Drible melhorado. Momentos mágicos de futebol. Excelente quantidade e qualidade de modos. Guarda-redes foram melhorados. Skill Games continuam fantásticos.
-
IA piorou em alguns aspetos. Defender é exageradamente difícil. Cutscenes intrusivas. PS4 e Xbox One sem localização portuguesa.
overall score
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