Depois de algum tempo num estado de acesso antecipado, Cryptark está agora disponível para Steam e PS4. Resultado? Passámos os últimos dias a rebentar extra-terrestre, a destruir armas automáticas, e a persistir através de mortes impiedosas umas atrás das outras. O jogo tem uma premissa muitos simples: vão jogar como um mercenário, que procura ganhar a vida trabalhando nos confins da galáxia. Equipados com um fato espacial, vão explorar estações espaciais destruídas à procura de espólios, enfrentando criaturas e sistemas de segurança. O objetivo é chegar ao núcleo das estações e resgatá-lo, para que a nave possa depois ser utilizada por quem pagar mais.
Cryptark encaixa na categoria do género Roguelike, o que significa que é mais difícil que a maioria e requer um bom investimento de tempo, energia, e paciência. Os mapas são gerados de forma procedural e a morte da personagem é permanente, o que significa que podem ser castigados severamente caso optem por uma abordagem agressiva como nós. Depois de duas horas a levar coças, decidimos parar o nosso comportamento e mudar de atitude. Mais cautelosos e preparados, a experiência começou finalmente a ser recompensadora.
Embora o grafismo seja 3D, Cryptark utiliza apenas uma perspetiva lateral, como um jogo 2D, mas com uma particularidade. Como a personagem está equipada com um jato, consegue navegar o cenário sem estar preocupado com a gravidade. A direção dos disparos é depois manipulada com o analógico direito, como os chamados "twin-shooters", mas é tudo muito preciso e polido. Honestamente, não esperávamos algo tão profundo como o que encontrámos. Existe uma boa dose de personalização, desde vários fatos a conjuntos de armas e acessórios que podem criar. Podem acrescentar diferentes tipos de munição, saúde extra, ou armas adicionais, por exemplo. Podem investir o dinheiro que ganham em formas de apetrechar a personagem, mas não vão conseguir comprar tudo o que querem, terão de escolher com cuidado.
A ausência de gravidade implica que não é apenas o jogador que se pode movimentar livremente - os inimigos também. Vão ser bombardeados de todas as direções, e é aqui que a mecânica de "analógicos gémeos" (movimento com o esquerdo, mira com o direito) brilha com grande eficácia. Vão precisar de reflexos rápidos, e de aproveitar o ambiente para vosso benefício, atraindo-os para zonas apertadas onde não consigam flanquear o jogador, por exemplo. É um estilo arcade, e por vezes terão de evitar os disparos inimigos através de meros reflexos, dançado pelos tiros. Conforme progridem pelas missões, o nível de dificuldade vai aumentando, e Cryptark pode tornar-se bastante difícil. Terão de dominar todos os elementos da jogabilidade, desde o escudo aos ataques próximos, das habilidades às granadas, para triunfarem. Eventualmente vão começar a adquirir relíquias, que podem usar para desbloquear novos fatos e configurações de equipamento, abrindo ainda mais opções táticas ao jogador.
Como todos os jogos que tentam apresentar um desafio acima da média ao jogador, Cryptark por vezes exagera e torna-se frustrante. As primeiras horas foram particularmente desgastantes, e demorámos mais tempo a entrar no jogo e respetivos sistemas do que gostaríamos. A forma como o dinheiro funciona (sem dinheiro acaba o jogo) também nos pareceu algo exagerada, e tivemos de terminar algumas missões simplesmente porque ficámos sem dinheiro. Existe um verdadeiro modo "Roguelike", onde a morte significa o fim de tudo, mas a campanha normal inclui a opção para resgatar um segundo piloto - desde que tenham dinheiro para o comprar. Não deixa de ser frustrante, quando horas a procurar e a vasculhar naves acabam com a morte durante um pico aleatório de dificuldade. Gostaríamos de ter uma opção que fosse menos exigente com a parte financeira do jogo, e se limitasse a apresentar dificuldade na jogabilidade.
Já mencionámos os picos de dificuldade, mas estes podem aparecer de várias formas. A mais óbvia é através de inimigos cada vez mais poderosos e maiores, mas as próprias estações podem surpreender o jogador. Por vezes existem mudanças na localização dos objetivos, enquanto que noutras vezes têm de cumprir um certo tempo, e isto pode ser algo frustrante. Aprendemos da maneira mais difícil de que em Cryptark têm de estar preparados para tudo.
Apesar da frustração causada por alguns elementos do jogo, acabámos por apreciar imenso a mistura de ingredientes de Cryptark. A direção de arte é interessante, o departamento sonoro é muito forte, e o ambiente geral é perfeito para este tipo de experiência. A jogabilidade está polida e os sistemas foram bem pensados, mesmo que por vezes não sejam executados à perfeição. Depois de várias horas de jogo, ainda existe muito para explorar, e mais importante ainda, existe também vontade da nossa parte. Já referimos que Cryptark tem um modo cooperativo? Não? Mas tem, e até é divertido, mesmo que não o tenhamos explorado a fundo. Se são fãs do género é mais uma boa alternativa a acrescentar à lista.