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Sniper Elite 4

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A Rebellion está de volta com mais uma dose da sua popular série Sniper Elite, e esta pode ser a refeição mais completa que já serviram.

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Uma missão quase perfeita, na maioria dos jogos furtivos, tem o jogador a mover-se com confiança, avançando pelo cenário com celeridade, evitando as patrulhas inimigas, roubando o silêncio através das sombras. Há reverência na pureza de uma missão perfeita, onde não se pode tocar num único cabelo de um oponente ou a tentativa fica arruinada. O pior são todos aqueles momentos onde o caos é gerado acidentalmente e as balas voam dos canos das armas sem um propósito definido.

Mas Sniper Elite 4 não é como esses outros jogos furtivos. O jogo de ação da Rebellion vive do ato de puxar o gatilho, e quer que o façam o maior número de vezes possível, ao ponto de recompensar os assassinatos com uma visão Raio-X das mortes e prémios sob a forma de pontos. Quer seja através do som abafado pelo supressor da espingarda de longo alcance, ou pelo som estrondeante da artilharia usado para abafar os tiros, o enfâse está em infligir violência nos inimigos, e em fazê-lo com uma precisão clinica e um timing perfeito.

A Rebellion tornou uma jogabilidade agressiva mais exequível melhorando algumas das mecânicas. A física das balas sempre foi decente nesta série (tal como continua a ser, principalmente para os jogadores que desligam as várias ajudas que tornam o jogo mais acessível), e controlar o protagonista Karl Fairburne é mais natural que nunca - é esta resposta melhorada que o torna mais eficaz num momento de aperto, onde que tudo corre mal. E vãoi haver situações onde tudo corre mal.

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Mas não deverão ter grandes problemas porque, mesmo nesses momentos, a Rebellion deu-vos tudo o que precisam para se defenderem. O protagonista é bastante capaz a curta, média e longa distância, e tem várias ferramentas ao seu dispor, de armadilhas a truques, tendo a grande maioria funcionalidades alternativas que aumentam ainda mais a diversidade. Tal como o nome do jogo dá a entender, o foco está em tiros de longa distância que requerem muita habilidade e alguma audácia, mas é bom saber que quando a ação se aproxima, e é necessário algo diferente, Sniper Elite 4 aguenta-se bem.

Os tempos de carregamento entre tentativas falhadas são uma grande ajuda - mesmo que cometam erros grandes, regressam à ação em menos de nada. Igualmente útil é o facto da IA não ser das mais inteligentes. Por vezes é possível ver os guardas a andar, com os padrões de patrulha ativados em uníssono, com o movimento a decorrer em curtas doses concentradas (isto é mais notável quando os guardas estão num nível de alerta elevado). Usando os binóculos, é possível marcar os soldados, tornando possível ver a direção para onde estão a olhar através do minimapa. O inimigo move-se e comporta-se, na sua maioria, de uma forma previsível e que, por vezes, pode ser facilmente explorada. Quando as coisas ficam caóticas, é mais fácil recuar para uma posição de afunilamento e esperar que os problemas venham na vossa direção.

Agora que não está preso à "antiga geração" de consolas, o jogo de ação da Rebellion está com muito bom aspeto. Os inimigos não são os mais interessantes que vão encontrar, mas tendo em conta o período em que decorre a estória, é difícil culpar os produtores. Vão notar uma grande falta de personalidade nos guardas - isto deve-se em grande parte à quantidade de tempo que os vão estar a seguir, quer seja pela mira da arma ou pelos binóculos. Contudo, os níveis onde se inserem têm bom aspeto, decorações interessantes e são distintos entre si. Há uma surpreendente variedade de locais, algo mais evidente caso se lembrem da aventura poeirenta à África do Norte no último título da série.

O que é mais impressiona nos níveis é mesmo as suas dimensões. Jogadores cuidadosos vão encontrar um bom desafio em cada um deles, e existe uma boa quantidade de missões secundárias que, se completadas, colocam os jogadores por muito mais de uma hora em cada um dos oito níveis da campanha. Os mapas são enormes e os grandes espaços abertos encorajam os jogadores a usar a espingarda para seguir as patrulhas inimigas, planeando cada movimento com mais flexibilidade tática que um tradicional jogo de ação.

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Atravessar o mundo de jogo é algo natural, e Fairburne desloca-se com facilidade graças ao sistema de movimento refinado, mas há trabalho a fazer e há momentos onde a ação não tem uma cadência tão natural como poderia ter. Por exemplo, ele não se move com a mesma agilidade de Sam Fisher e, quando falamos em jogos de ação furtiva, essa é sem dúvida a meta a atingir (desculpa Snake). Os níveis oferecem mais verticalidade - uma mudança muito bem-vinda -, mas é algo que gostaríamos de ver ainda mais trabalhado.

O jogo bloqueou-nos algumas vezes porque, por alguma razão, os saves automáticos ficaram corrompidos (o jogo grava o progresso com bastante regularidade, o que minimizou a inconveniência). A nossa maior crítica prende-se com a narrativa. Há uma estória que emerge ao longo da campanha, mas não tem o impacto que gostaríamos. Excluindo os eventos associados à iminente invasão da Itália, a estória que une esta teia não é muito apelativa - algo lamentável tendo em conta o ambiente grandioso em que se insere. As sequências cinematográficas usam, na sua maioria, o motor de jogo e são normalmente iniciadas no acampamento, quando falam com os vossos camaradas antes de cada missão. Tudo o que podem fazer é deambular de camarada em camarada, iniciando pequenas sequências que acrescentam algum contexto à próxima missão, destacando os objetivos e as missões secundárias.

Para além da campanha, a Rebellion oferece algo mais aos jogadores, com mais modos multijogador para entreter depois dos créditos finais. Existem missões cooperativas surpreendentemente expansivas, onde um jogador (Fairburne) usa a sua espingarda de longo alcance e outro jogador (um companheiro britânico chamado Harry Hawker) se move de cobertura em cobertura, eliminando qualquer guarda que não possa ser removido à distância. Também é possível completar a campanha em cooperativo, abrindo porta a todo um novo conjunto de decisões táticas. Para além de tudo isto, existe um modo Horde para até quatro jogadores semelhante ao Nazi Zombie Trilogy, mas com mais profundidade e um desafio adicional visto que os inimigos têm, neste caso, cérebros. Os jogadores têm de proteger um objetivo enquanto vagas de soldados atacam de todos os ângulos e, a cada terceira ronda, a equipa tem de se mover para uma nova posição defensiva.

Por fim, há o multijogador competitivo. Os modos de jogo anteriores estão de regresso em conjunto com uma alternativa mais focada na ação. O novo modo Control muda ligeiramente a fórmula, afastando-se do combate à distância e aproximando um pouco mais a ação. É difícil ter uma noção realista de como é que este lado competitivo do jogo vai apelar e evoluir quando os servidores tiverem mais jogadores, mas tudo parece estar funcional e há muita diversão a ter aqui - é certamente uma alternativa viável ao ritmo alucinante de ação que há noutros jogos já no mercado.

Na quarta entrada desta série, a Rebellion provou que sabe o que está a fazer. Sniper Elite 4 é um pacote completo: tem uma campanha decente, muita ação cooperativa e um multijogador sólido. Marca uma evolução nesta série e o tempo extra que o estúdio usou para polir o produto final foi bem aplicado. Não é perfeito, com a falta de uma estória apelativa a ser o principalmente problema (e uma área que gostaríamos de ver trabalhada no próximo projeto da Rebellion), e existem outros campos que podiam estar mais refinados. Este não é um jogo de ação subtil, pelo contrário. Banha-se na violência e glorifica a guerra de uma forma que poucos outros jogos se atrevem, algo que alguns jogadores podem achar de mau-gosto. Mas aqueles com estômago para a luta, e para os fãs de ação à distância, Sniper Elite 4 oferece uma experiência cativante. Não é propriamente um clássico, mas não deixa de ser um passo na direção certa, tanto para o estúdio como para a série.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Níveis impressionantes. Grafismo polido. Controlos melhorados. Ótima física das balas. Jogo bastante completo, com campanha a solo, cooperativo e multijogador.
-
Alguns 'crashes'. Há quem possa achar o grau de violência de mau-gosto. Estória um pouco dececionante.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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