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Yakuza 0

Yakuza 0

O ponto de entrada perfeito para novatos, com muito para oferecer aos fãs da série.

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Passou-se um ano desde que enterrámos dezenas de horas em Yakuza 5, e se são fãs da saga, existem vários motivos para sorrir. Yakuza 0 é já ao virar da esquina, no Verão chega Yakuza Kiwami - remake do primeiro jogo -, e em 2018 será lançado Yakuza 6. Quanto a este Yakuza 0, trata-se de uma prequela da saga, mas não se deixem enganar por preconceitos. Este é um título digno de Yakuza, com uma estória interessante, e conteúdo que nunca mais acaba.

Como consegue a Sega manter um nível de produção tão elevado com tantos títulos? Bem, cortando atalhos. Yakyuza 0 recicla imenso conteúdo dos jogos anteriores, incluindo memórias, personagens, cenários, e mecânicas de jogabilidade. Algumas sequências de estória deixaram de ser animadas como um filme, e passaram a ser praticamente estáticas com a voz das personagens por cima. Este é o maior defeito de Yakuza 0, os atalhos a que a Sega recorreu para produzir o jogo, por isso ficam já com esse aviso.

Um pormenor interessante do novo jogo é a forma crua como começam as habilidades de combate, mais cruas que noutros jogos da saga. Isto faz sentido considerando que a ação se passa mais cedo, na década de 80. A estória é também mais simples e menos impressionante que alguns dos outros capítulos, mas não significa que não seja interessante e imersiva. Se são fãs da saga, vão adorar ver como estes dois rapazes (Kazuma Kiryu e Goro Majima) treparam o império de crime da Yakuza.

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Esta abordagem mais simples acaba por funcionar bem no contexto de Yakuza 0, e é fácil ganhar apreço pelas personagens. Como é uma prequela, é também o ponto de partida ideal para novatos. Naturalmente, quem conhece bem a saga vai beneficiar do seu conhecimento em vários elementos, incluindo na estória, reconhecendo eventos e personagens - e a forma como depois evoluem ao longo dos anos.

Além da estória, Yakuza 0 beneficia de muito conteúdo secundário de qualidade. Ao encontrarem várias personagens nas ruas de Kamurocho e Sotenbori, dois bairros fictícios inspirados por contrapartes reais de Tòquio. Ao todo existem 100 missões secundárias, e embora nem todas sejam memoráveis, existem alguns momentos interessantes e até intensos. Pode ser algo como evitar que alguém seja roubado, ou ajudar um Michael Jackson falso a filmar a sua própria versão do Thriller. Além das missões extra existem também inúmeras atividades em que podem participar, como controlar carrinhos telecomandados, lutar em torneio, jogar em máquinas arcade com jogos completos da altura (Space Harrier, Fantasy Zone, OutRun, e Super Hang On), pescar, jogar mahjong, cantar karaoke, jogar poker, fazer exercício, namorar ao telefone... enfim, não vão parar de ter coisas para fazer em Yakuza 0. Cada personagem tem ainda os seus negócios particulares. No caso de Kiryu vão tentar ganhar controlo do bairro conforme compram edifícios em Kamurocho, enquanto que Goro fica encarregue de gerir um bar de 'cortesãs, e de contratar raparigas.

A série Yakuza sempre foi exagerada, mas entre o seu exagero, sempre foi também uma recriação impressionante da vida em Tóquio. Yakuza 0 não é exceção, e neste caso específico em que o jogo se passa na década de 80, existe uma clara tendência para o machismo. É algo que o jogo por vezes critica, apesar de incluir, mas pode não ser do agrado de todos os jogadores.

Yakuza 0 é um jogo massivo, e entre este mar de ofertas, é fácil deixar escapar as subtilezas que também inclui. Existe tanta oferta, que podem dedicar horas às atividades extras, e muitas dessas atividades podiam perfeitamente passar por jogos móveis, como os jogos de poker, ou a condução dos carrinhos telecomandados - que até incluem várias pistas, torneios, e veículos personalizáveis. Yakuza tem os seus defeitos, mas poucos jogos oferecem tanta variedade nos seus mundos de jogo.

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À semelhança dos títulos anteriores, podem melhorar as personagens em várias áreas e ganhar novos golpes, mas há uma mudança importante em Yakuza 0. Em vez de ganharem pontos de experiência, vão gastar dinheiro para evoluir as personagens. Esta mudança dá outra importância às atividades monetárias, e acrescenta um incentivo real para tentarem enriquecer. O ecossistema do jogo está mais coeso, e tudo o que fazem acaba por contribuir para a evolução da personagem de várias formas.

O elemento técnico de Yakuza 0 não é brilhante, mas é bom o suficiente para manter uma qualidade visual digna da PS4. O bairro de Kamurocho está repleto de detalhes e personagens, e é um local cheio de vida. O facto de Yakuza 0 ter sido produzido para PS3 e PS4 acabou naturalmente por limitar o potencial do jogo na consola mais poderosa, por isso estamos curiosos para ver Yakuza 6 que está a ser construído de raiz para a PS4... mas isso é só para o ano. A maior queixa que temos em relação ao visual de Yakuza 0 é a reciclagem de conteúdo, que podem causar alguma fadiga a quem jogou os capítulos anteriores.

Se são fãs da saga, Yakuza 0 é uma adição recomendável para a coleção, mas também deve ser considerado por quem tem curiosidade sobre o jogo ou o Japão e aprecia o género (e sobretudo lutas). Existem alguns desiquilíbrios aqui e ali, algumas mecânicas menos limadas que outras, mas no geral Yakyuza 0 é uma experiência que merece o vosso tempo - e se mergulharem neste mundo como nós -, será muito tempo.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Tem muito que fazer. Os mini-jogos e as missões secundárias são divertidos. Estória é interessante e imersiva.
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Algumas sequências de estória com imagens estáticas. Muito conteúdo reciclado. Picos bruscos de dificuldade.
overall score
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ANÁLISE. Escrito por Ramón Méndez

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