Wayward Sky

A tecnologia da realidade virtual é impressionante, mas não é para todos os estômagos. Jogos que envolvem muito movimento ou viragens bruscas da câmara podem causar todo o tipo de tonturas, vertigens, e má disposição a algumas pessoas (outras podem não ser afetadas). Se pertencem ao primeiro grupo, e pretendem começar a vossa aventura com algo menos exigente para o estômago que Here They Lie ou RIGS: Mechanized Combat League, existem outras hipóteses bem mais simples e acessíveis que podem considerar. Wayward Sky é uma delas.

Wayward Sky é um jogo de aventura, um "aponta e clica" levado muito literalmente neste caso. Podem jogar com um DualShock 4, ou com dois controladores Move (a versão recomendada), e basicamente apontam para onde querem que a personagem se mova ou interaja, e observam-na cumprir o pedido. Tudo através de uma perspetiva na terceira pessoa, enquanto observam o mundo através de vários ângulos de câmara estáticos. Estas transições da câmara são automáticas e muito suaves, dois elementos que permitem ao jogador desfrutar da experiência sem se preocupar com tonturas ou enjoo.

É uma experiência de jogo que, embora possa facilmente ser desfrutada por adultos, parece mais direcionada a um público mais jovem. Não que seja infantil ou pateta, mas antes pela forma encantadora e suave com que trata o seu mundo de jogo e as suas personagens. A estória por vezes é contada através de ocorrências em tempo real, noutras ocasiões é mostrada através de palcos feitos de madeira - como uma peça infantil. Não é nenhum conto de fadas, mas é uma estória interessante e emocional, com alguns momentos de ternura.

Quanto à jogabilidade propriamente dita, envolve uma série de puzzles simples, a maioria relacionados com interruptores que acionam elevadores, ou mudam as direções de pontes. Existem robôs a patrulhar os níveis, que devem tentar evitar utilizando bom timing ou os interruptores para os transportarem para outras áreas. Nada de muito complicado, e dificilmente vão perder mais que alguns segundos nos puzzles. Com o avançar da aventura começam a ganhar novas habilidades, como a capacidade para assumir o controlo dos robôs para lhes pedir que ativem interruptores, empurrem caixas, ou façam peso numa área.

Seja com o Move, ou com o DualShock 4, o esquema de controlo é o mesmo. Usando o sensor de movimento dos comandos apontam para onde querem que a protagonista se mova, e carregam num botão. É um esquema que funciona muito bem com o Move, e de certa forma com o DualShock 4, mas o comando tradicional devia ter mais opções de controlo. Gostaríamos de ter a hipótese de controlar a personagem com o analógico esquerdo do DualShock 4, mas não é possível. Também teríamos apreciado a opção para mudar manualmente os ângulos da câmara, mas mais uma vez, não é possível. São limitações da jogabilidade que prejudicam o potencial do jogo, embora não demasiado.

Existem outros momentos de jogabilidade que se passam na primeira pessoa, normalmente quando a protagonista está de frente para um painél ou alavancas que tem de acionar. Nestas sequências os comandos assumem a forma da mão da protagonista, e devem interagir com itens, botões, e alavancas como se estivessem realmente a executar o movimento na vida real. Ainda vão encontrar alguns momentos divertidos onde podem explorar melhor esta mecânica na primeira pessoa, e um até permite atirar com bolas a galinhas super-desenvolvidas.

O estilo visual que a Ubber Entertainment empregou é encantador, mas não é muito impressionante tecnicamente. Para um jogo de nova geração em 3D, Wayward Sky é francamente modesto para o que se faz atualmente, mesmo comparando com outros jogos de realidade virtual. Não é um fator determinante, mas devem ficar avisados que os níveis de produção são baixos - tal como a jogabilidade, que não passa as 3 horas de jogo, embora existam alguns segredos para encontrar.

Pelo menos isto é refletido no preço do jogo, que custa € 19.99. Um preço justo para o que Wayward Sky oferece, e o que oferece é um ponto de entrada suave, pacífico, e divertido para quem está agora a dar os primeiros passos na realidade virtual e não pretende começar por experiências mais agressivas. Se é o caso, vale bem a pena considerar Wayward Sky.