Ghostbusters

Quando ouvimos o tema dos Caça-Fantasmas, a tocar logo nos menus iniciais do jogo, largámos um sorriso de orelha a orelha. Infelizmente foi a única vez que sorrimos durante a curta, mas frustrante, campanha de estória de Ghostbusters. Os jogos licenciados dos últimos anos começaram a ser tratados com outro respeito por parte das editoras. Ainda existem algumas exceções, mas a maioria oferece experiências sólidas o suficiente. Não é o que acontece com Ghostbusters. Este "esforço" da Activision foi uma tentativa rude e óbvia de fazer dinheiro com com o nome do novo filme, e o resultado é um jogo sem profundidade.

Quando o jogo arranca serão apresentados a quatro caça-fantasmas anónimos. Não vão ver os atores originais, ou as quatro novas atrizes, mas antes um quarteto completamente desconhecido (embora exista uma vaga ligação). Pensámos que isto não seria necessariamente negativo, desde que fosse aproveitado para criar uma estória e uma experiência livres das amarras do filme. Como nos enganamos. Nenhuma das personagens tem qualquer pingo de personalidade ou estória de fundo. São telas completamente vazias, e o mesmo pode ser dito da narrativa. As sequências de vídeo são escassas e não oferecem qualquer contexto real para as ações sem sentido que vão fazer durante a campanha.

Pensar nos Caça-Fantasmas é o mesmo que pensar em Bill Murray, Dan Aykroyd, e o humor que caracterizou os primeiros dois filmes (ainda não vimos o mais recente). Estas personagens que vão conhecer no jogo não podiam ser mais opostas. Existem algumas tentativas de humor, alguma vontade de causar risos ao jogador, mas falham redondamente. Pior ainda, parece que os próprios atores não acreditaram no guião, e isso nota-se nas suas interpretações medíocres. O argumento e os diálogos são atrozes, sempre confusos e fora de contexto. Os efeitos sonoros e a banda sonora ajudam um pouco, mas eventualmente também se tornam repetitivos.

Ao nível de mecânicas de jogo também não temos boas notícias para vos dar. Ghostbusters funciona como um "Twin-Stick Shooter", com perspetiva isométrica. O analógico esquerdo movimenta a personagem, e o analógico direito aponta a direção dos disparos. Os fantasmas mais fracos podem ser mortos com tiros normais das armas, embora os oponentes mais poderosos exijam os canhões de protões. Existem alguns colecionáveis espalhados pelo mapa, mas o design sofre de imenso ao nível da qualidade. A campanha é formada por 10 cenários enormes e repetivos, com uma direcção de design que não parece seguir qualquer critério. O visual estilo banda desenhada tem um ou outro momento de inspiração, mas na maioria das ocasiões é simplesmente genérico.

Ghostbusters também tem a opção para jogarem com amigos (só recomendado se não gostarem muito deles), e isso ajuda ligeiramente a experiência, sobretudo porque jogar cooperativamente nega alguns dos defeitos. Enquanto jogam vão estar sempre acompanhados por três parceiros, sejam controlados pela IA, ou por amigos. Ao cumprirem alguns objetivos, incluindo derrubar inimigos, vão ganhar pontos de experiência que podem evoluir as personagens. O problema aqui é que a inteligência artificial não gasta esses pontos. Não os usa. E quando o nível termina, esses pontos desaparecem. Eventualmente vão ter uma personagem ultra-poderosa, enquanto que os três parceiros vão continuar no mesmo nível em que começaram a aventura.

Pelo menos o tema principal é bom...

Ghostbusters é uma péssima utilização de uma licença de um filme. Não tem profundidade ou contexto, existem problemas de design, tecnicamente é fraco, e é muito mais caro do que qualquer preço razoável para este tipo de jogos (custa € 49.99). Gostem dos filmes clássicos, ou da nova aventura, dificilmente vão encontrar motivos para sorrir com este Ghostbusters.