Total War: Warhammer

Depois de vários anos a recriarem a história humana através de vários jogos de estratégia, a Creative decidiu arriscar com uma fórmula diferente. A base da experiência manteve-se a mesma, mas acrescentaram-lhe o mundo de fantasia de Warhammer. O resultado é um dos melhores jogos da série, e uma muito necessária injeção de vida em Total War.

Total War: Warhammer não se limita a introduzir orcs, elfos e feiticeiros, também incorpora várias mecânicas de jogo inéditas na série. Existem novidades ao nível do mapa cheio de guerra e oportunidades de conquista, mas também mudanças nas batalhas táticas, que agora incluem elementos como magia e unidades voadoras, além de centenas de unidades a lutarem em simultâneo.

O primeiro choque para os fãs de Total War deve acontecer logo depois de começarem a campanha. Nos anteriores existiam dezenas de nações que podiam comandar, mas em Warhammer só existem quatro (a quinta será acrescentada mais tarde). Empire será a opção mais equilibrada, e oferece lanças, espadas, arcos e um conjunto de cavalaria. A sua magia chega de várias formas, desde feiticeiros que atiram bolas de fogo, aos Celestiais que reforçam as forças do exército. Existem heróis que podem juntar-se aos esquadrões, ou combater individualmente, mas também existem heróis menos diretor como os Witch Hunters que podem assassinar comandantes opostos em combate. O Empire também tem acesso a tanques a vapor, que podem ter efeitos devastadores se usados corretamente.

Os Orks são a escolha perfeita para quem gosta de um estilo mais rebelde e caótico. Desde que lutem com frequência, os Orks conseguem manter um exército enorme com custos reduzidos, embora a sua tecnologia seja limitada. Fortes no corpo-a-corpo, os exércitos Ork são temíveis a uma distância curta, mas também incluem algumas unidades de longo alcance. E podem cavalgar arranhas gigantes e lobos, embora não tenham unidades voadoras. Quanto à sua magia, pode ser muito poderosa, mas também imprevisível. O maior problema dos Orks é que precisam de lutar e batalhar com frequência. Se não o fizerem vão ficar impacientes e começam a lutar entre si, o que acrescenta penalizações no exército.

Os Dwarfs são o oposto dos Orks, no sentido em que estão equipados com tecnologia de topo, incluindo poderosos canhões e até helicópteros rudimentares. As unidades dos Dwarf consumem muitos recursos, mas são mais duradoras que as outras. Também não são a raça mais veloz, devido à ausência total de montadas, mas partilham uma habilidade com os Orks - a capacidade para caminharem no subterrâneo e assim evitar obstáculos. Fica apenas um aviso. Se forem apanhados debaixo do chão pelo inimigo, terão de lutar até à morte sem qualquer chance fuga ou rendição.

Os Undead também são únicos no mapa da campanha e nas batalhas. A sua habilidade mais arrepiante será a corrupção vampírica, que se alastra para aldeias e cidades próximas. No outro lado da batalha, se não reagirem rapidamente a esta praga, a população vai começar a ficar descontente, e eventualmente ficará perdida para os vampiros. Esta raça também tem os melhores feitiços, incluindo a capacidade para ressuscitar os mortos sob o seu comando, mas nem tudo é fantástico para os Undead. O que é descrito como "moral" nas outras raças, aqui surge como "ligação", referindo-se à ligação entre as tropas e o comandante. Se essa ligação começar a enfraquecer devido a maus resultados nas batalhas, começam a tornar-se em cinzas. Isto significa que se perdem para sempre, enquanto que as tropas desmoralizadas de outras raças ainda podem ser recuperadas. Outra falhas dos Undead é ausência de unidades arqueiras.

A quinta raça Chaos será acrescentada gratuitamente, via DLC, para quem comprou o jogo durante a primeira semana de lançamento. Infelizmente não tivemos a oportunidade de testarmos esta raça, apenas a enfrentámos comandada pela inteligência artificial. Os Bretonnians são outra raça presente na campanha, mas para já não foram divulgados planos para os tornar jogáveis. O seu estilo parece ser mais medieval e com grande concentração na cavalaria.

Quanto à campanha em si, beneficia de ter elementos de fantasia e mais missões para o jogador completar. Como anteriormente, existe um general,que podem equipar com equipamento vário, equipamento esse que pode melhorar atributos ou até garantir novas habilidades. As novas Quest Battles oferecem mais oportunidades para enfrentar exércitos predefinidos, o que em caso de vitória pode oferecer espólios melhores para o general. Estes espólios podem surgir na forma de uma arma ou de um montada voadora, por exemplo. Podem escolher entre dois generais para liderarem a vossa fação, cada um com as suas próprias Quest Battles e itens únicos.

As unidades voadoras são outra novidade que a Creative Assembly acrescentou à fórmula. O Império tem os Pegasus Knights e o grifo do general,e ambos conseguem causar o caos entre unidades voadoras ou até nas tropas terrestres. Os Orcs não são muito interessados em montadas aladas, embora um dos seus generais possa ganhar uma besta voadora para controlar. Os Dwards usam máquinas voadoras de onde lançam o caos e a destruição. Os Undead também um excelente reportório de unidades voadoras, para compensarem a ausência de arqueiros. Esta unidades voadoras abrem o mapa e a jogabilidade de novas formas e obrigam a pensar o processo de outra forma, já que os próprios generais podem comandar a guerra a partir do ar, e oferecer o seu apoio com rapidez às tropas em baixo.

A magia é outro elemento importante do jogo, que segundo a Creative, deve-se fazer sentir-se, mas não em demasia. Até o mais poderoso dos feitiços não será suficiente para inverter a maré de uma batalha por si só, mas pode certamente dar uma ajuda importante. Existem ataques diretos, feitiços de controlo da massas, e bónus especiais que os feiticeiros podem invocar. Alguns são impressionantes de ver em execução no campo de batalha, enquanto que os efeitos de outros só são visíveis em atributos. Também existe a possibilidade de tentar lançar uma versão mais poderosa de cada feitiço, uma ação que pode ser feita com um custo superior de mana e a chance de que possa correr mal. À semelhança do que acontece no jogo de tabuleiro, a eficácia da magia é influenciada pelos ventos de magia, o que significa que a prestação dos feiticeiros pode variar de batalha para batalha.

Total War já mostrou alguns problemas técnicos no passado, mas pela nossa experiência com Warhammer, parece-nos um dos lançamentos mais sólidos da saga. O jogo só nos 'atirou' de volta ao Windows em duas ocasiões muito específicas, quando fizemos zoom muito rápido. A inteligência artificial também parece ter sido melhorada e reage com maior capacidade às táticas do jogador. A capacidade gráfica do jogo é excelente, e pareceu-nos razoavelmente optimizado. A nossa maior queixa no departamento técnico é mesmo o tempo de loadings, que chega a ser algo exagerado (mas mudar a instalação para um SSD melhorou imenso este pormenor). O jogo tem grande personalidade, mais que qualquer outro Total War, e muito da 'culpa' vai para a licença de Warhammer, que ofereceu mais "brinquedos" à Creative Assembly. Em termos artísticos, não gostámos que tenham decidido deixar sangue fora da equação, porque nos parece enquadrar no universo de Warhammer.

A Creative Assembly fez um excelente trabalho de adaptação de Warhammer às mecânicas de Total War, e ao fazê-lo conseguir injetar nova vida na série sem mudar as bases da experiência. É um jogo que tem tudo para agradar aos fãs de Total War, mesmo que não conheçam Warhammer, enquanto que esses vão deliciar-se com os pormenores que a Creative Assembly colocou no jogo. Se a produtora conseguir manter a estabilidade do conteúdo que vai introduzir mais tarde, Total War: Warhammer é um dos melhores jogos da saga e um dos seus lançamentos mais sólidos.