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République

République

Tem falhas, mas é interessante. Muito interessante.

Uma sociedade utópica que correu mal não é algo de inédito nos videojogos, e existem muitas versões de futuros (e passados) que nos mostram isso. É um conceito que nem sempre funciona bem, mas quando é bem feito, pode tornar-se em algo especial. Foi isso que sentimos com République. O jogo concentra-se numa rapariga chamada Hope, numa história contada através de cinco episódios lançados no PC, que recentemente chegaram todos de uma só vez à PlayStation 4. O objetivo de Hope é escapar de uma instalação do governo chamada Metamorphosis, onde os direitos humanos não são respeitados e todos estão sob vigilância, seja das inúmeras câmaras ou dos vários guardas em patrulha.

Hope não é totalmente incapaz, e tem habilidades que lhe permitem usar toda essa vigilância em seu favor, e o foco da jogabilidade acaba por ser guiar Hope através de várias zonas guardadas. Imaginem uma versão futurista e opressiva de Watch Dogs, mas com controlos semelhantes aos Resident Evil clássicos. O analógico esquerdo move a personagem, e o analógico direito controla as câmaras - não a câmara de jogo, mas as câmaras de vigilância que são a visão do jogador. É uma abordagem interessante, mas que nem sempre funciona bem e até pode causar alguns momentos de frustração. Na prática devem manter-se afastados dos guardas, sem serem vistos, mas isso pode ser complicado devido aos controlos, porque quando a câmara muda repentinamente, a direção de Hope também muda, e isso pode estragar tudo.

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Eventualmente serão capturados, e quando isso acontece, serão transportados para a cela mais próxima (existem muitas em Metamorphosis). Curiosamente, estas celas também funcionam como uma espécie de área central, onde podem comprar habilidades e guardar o progresso. Algumas habilidades são inteligentes, e permitem alguns momentos interessantes de jogabilidade, mas outros pareceram-nos inúteis. Por exemplo, a habilidade para ver as rotas dos inimigos é praticamente desnecessária, porque a inteligência artificial é francamente previsível.

Felizmente existem outras habilidades muito mais práticas. Uma dessas habilidades permite ouvir conversas através dos telefones e ler e-mails, o que pode acrescentar muito contexto ao jogo. Embora tenha sido criado com um orçamento muito reduzido (é um Indie), République tem uma quantidade impressionante de contexto e informações que podem ajudar imenso o jogador a mergulhar no seu mundo. Se decidirem avançar com a história, vão descobrir muitos itens que ajudam a preencher buracos no enredo ou a dar maior motivação a todas as personagens. Por exemplo, inicialmente podem encontrar um livro que foi proibido, Catcher in the Rye, e mais tarde podem desbloquear uma gravação onde o principal antagonista explica por que esse livro é uma má influência. É uma forma interessante de oferecer contexto ao jogador.

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Numa primeira abordagem, podem cair no erro de julgar a narrativa de République como simples ou previsível, tal como o fizemos, mas à medida que avançávamos na aventura e aprofundávamos o nosso conhecimento, essa noção mudou. Caso se deixem mergulhar no mundo que envolve Hope, République pode criar momentos de grande emoção, através de uma campanha que nos ocupou durante 13 horas de jogo.

Além do PC, République foi originalmente lançado para as plataformas móveis, e como tal, seria muito difícil para a Camouflaj apresentar uma qualidade gráfica que aproveitasse todas as capacidades da PS4. Não que o jogo tenha mau aspeto, pelo contrário, sobretudo porque parte dos cenários são pré-renderizados e isso ajuda a criar um visual interessante, mas não esperem algo nos padrões mais modernos. Já a banda sonora e as vozes são fantásticas, e até podem reconhecer a voz clássica de Solid Snake, David Hayter.

No fim das contas, gostámos de ter jogado République. Foi uma experiência que nos emocionou e ocupou o nosso pensamento mesmo depois de o termos terminado. Existem vários elementos frustrantes no jogo, a começar pelos controlos, mas mesmo assim temos de recomendar République para quem ache o conceito minimamente interessante. Se é o caso, vale o preço de € 29.99.

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RépubliqueRépublique
RépubliqueRépublique
08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
História interessante. Bastante conteúdo, sobretudo para o preço.
-
Os controlos nem sempre funcionam bem.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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ANÁLISE. Escrito por Joni Eriksson

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