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Call of Duty: Black Ops III

Call of Duty: Black Ops III

O melhor Call of Duty desde Modern Warfare 2.

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Quando Black Ops chegou em 2010, a equipa na Treyarch introduziu uma história baseada na Guerra Fria da década de 60, em que os operativos dos EUA utilizavam tecnologia avançada para aquela era. As hipóteses estiveram sempre em seu desfavor, mas a superioridade do armamento significou a vitória do jogador. Em 2012, Black Ops II criou o seu conceito de tecnologia de guerra futurista, com eventos baseados em 2025, onde veículos automáticos e robôs eram peças fulcrais do panorama de guerra. Ou seja, Black Ops sempre foi uma variante de Call of Duty baseada em tecnologia avançada, e por isso é injusto que se acuse Black Ops III de seguir a tendência de jogos como Titanfall, já que este sempre foi padrão da Treyarch.

A questão mais justa seria até que ponto poderia Black Ops III ser relevante depois de Black Ops II e Advanced Warfare já terem abordado tópicos semelhantes. A Treyarch também tinha prometido um grafismo mais digno da nova geração, ideias inovadoras para a campanha e planos para manter o online bem vivo durante pelo menos 12 meses. Quanto ao último ponto, ainda é cedo para opinar devidamente, mas pelo menos podemos já avançar que a campanha de Black Ops III é incrivelmente ambiciosa. E não estamos a citar a Treyarch quando justificou a ausência da campanha nas versões PS3 e Xbox 360. A verdade é que não existe palavra melhor para descrever a nova campanha, que pode ser jogada em modo cooperativo por quatro jogadores.

Com impressionante espontaneidade, a Treyarch propõe uma maratona de 11 missões compostas por momentos cuidadosamente construídos que requerem uma abordagem estratégica. Embora os jogadores mais veteranos de CoD possam ultrapassar facilmente a campanha abaixo da dificuldade Hardened, os novos brinquedos ao dispor dos jogadores exigem experimentação obrigatória.

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A narrativa inicial, que funciona como um longo tutorial, termina com a vossa personagem - masculina ou feminina - sujeita a tornar-se no objeto de uma experimentação de "robóticas militares topo de gama." Sem vários membros e próximos da morte, não terão outra hipótese que não a de se transformarem numa espécie de Robocop. Enquanto parte máquina, parte humano (e todo soldado), vão assimilar um sistema de comunicações intitulado Direct Neural Interface (DNI), capaz de criar situações de treino virtuais quase idênticas à realidade, excepto quando o instrutor "pausa" o exercício para falar de alguma ação específica. É um instrumento muito interessante, que oferece excelente contexto das missões aos jogadores, e que permite reviver as táticas empregues pelos terroristas.

Numa abordagem mais física, o novo corpo oferece força e agilidade muito superiores. Isto permite, entre outras coisas, correr pelas paredes e ganhar inúmeras opções de rota pelos mapas. Mesmo antes de levarmos em conta os vários melhoramentos cibernéticos do fato, que garantem uma grande variedade de opções, a navegação através dos mapas de Black Ops III envergonha a linearidade dos jogos anteriores. As novas áreas são muito mais amplas e incentivam à troca constante de armas, enquanto se ajustam a combates à distância, em proximidade média, ou em blocos fechados.

O armamento de CoD: Black Ops III é fantástico, mas como nos disse um instrutor no jogo: "Com o DNI a vossa mente é realmente a melhor arma." Existem três categorias principais do Cyber Core, usadas para manipular o campo de batalha além de armas e munições; quase todas ativadas quando pressionam os gatilhos em simultâneo.

O Control Core é usado para debilitar ou ganhar controlo de equipamentos robóticos, enquanto que o Chaos Core causar dor aos inimigos humanos. Mortal Core melhora as capacidades furtivas da personagem e a sua capacidade de agressão. São habilidades que acrescentam uma sensação de poder a Call of Duty, enquanto armas automáticas triturarem os inimigos, robôs sobreaquecem até explodirem e soldados queimam em pânico. São várias capacidades extremamente poderosas, mas que precisam de tempo para recarregarem e que exigem um certo alcance, o que significa que não são exageradamente poderosas. O que estas habilidades trazem são formas diferentes de abordar os inimigos, em vez de os tratar como é habitual - esponjas de balas.

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É surpreendente, a rapidez com que algo atípico na série se torna facilmente na norma, porque as habilidades Core têm um propósito muito bem definido. Cada missão também tem 16 desafios especiais que podem tentar cumprir, como matar inimigos a correr pelas paredes, ou eliminar um grande grupo de soldados com um só explosivo. E não são apenas objetivos divertidos, já que desbloqueiam opções para a personalização da personagem.

Também existiu um cuidado claro de garantir identidade ao jogador, incluindo com fantásticas pinturas para o armamento, ou a opção para criarem a vossa própria arma. Até a base a partir de onde podem gerirem o perfil mostra grande elegância, com várias divisões onde podem apreciar dezenas de pormenores relacionados com a campanha - e ainda existe um campo de treinos virtual para aperfeiçoarem as vossas habilidades.

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Mas há mais em Call of Duty: Black Ops III além da campanha e o novo modo de zombies, Shadows of Evil, foi uma agradável surpresa. Uma inesperada comédia de humor negro com base em filmes Noir. E ainda inclui a colaboração de atores como Jeff Goldblum, Heather Graham e Ron Perlman, com prestações apimentadas por algumas tiradas geniais para um modo que não se leva demasiado a sério. Quanto à estrutura, é o habitual - sobreviver o maior número possível de rondas.

Além do ambiente Noir da cidade, existe outra novidade inesperada para o modo zombies - a possibilidade para nos transformarmos numa besta com tentáculos capaz de desfazer zombies e aceder a áreas que as personagens normais não conseguem. Mesmo com uma equipa composta por quatro jogadores, Shadows of Evil começa a complicar rapidamente a vida dos sobreviventes. As ruas são estreitas, e não existem grandes áreas para que possam evitar os mortos-vivos, mas o mais importante aqui é mesmo a diversão. Os modos zombies sempre foram mais descontraídos e engraçados, mas Shadows of Evil vai um pouco mais longe. Se apreciam este tipo de variante de Call of Duty, vão adorar a proposta de Black Ops III.

Mesmo que não incluísse o modo online, Call of Duty: Black Ops III já seria um pacote bastante atrativo. Os valores de produção são tremendos, mas mais importante ainda, não existem apenas para serem bonitos. A Treyarch mostrou, mais que as outras duas produtoras de Call of Duty, que ainda é possível manter a série fresca. E numa era em que tantos jogos chegam às lojas em estados quase inacabados, é preciso louvar o nível de afinamento de Black Ops III. Sem o online, Black Ops III já seria soberbo. Mas existe um modo online...

Depois do que a Sledgehammer Games fez com Advanced Warfare, foi curioso perceber que a Treyarch optou por uma abordagem mais contida ao modo multijogador. Aliás, a escalada através das nove especialidades - a última bloqueada até nível 46 - é lenta, mas sólida. A estrutura online de CoD parece mais ponderada que a de Advanced Warfare, mas isso não significa que não terão habilidades ultra-humanas para utilizarem online. As novas especialidades não são tão exageradas como as de Destiny, por exemplo, mas existem opções espetaculares para todos os tipos de jogadores. Outrider será perfeito para novatos com o seu arco, enquanto que Prophet cria o caos com eletricidade. Seraph é a classe para os bons atiradores, com uma habilidade que mata num só tiro. As personalidades destes especialistas também confere outra vida ao campo de batalha, com comentários engraçados, não só antes de cada ronda começar, mas também durante. Se isto fosse implementado em Battlefield, ficaríamos preocupados, mas considerando que Call of Duty tem recebido injeções de adrenalina durante os últimos anos, é algo que encaixa bem.

A curva de aprendizagem de Call of Duty: Black Ops III é longa e sólida, mas também muito profunda. Cada um dos nove especialistas tem habilidades principais que podem escolher, desbloqueados com os mesmos Tokens que utilizam para comprar armas. Outrider pode levar o arco e flecha que já comentámos, ou um radar que investiga toda a área. Battery tem acesso a um lança-granadas ou a uma armadura especial, que permite desviar balas temporariamente. Todas estas opções acrescentam personalidade e um pouco de loucura ao modo online de Black Ops III. Claro que existe sempre um receio de que possam desequilibrar o jogo, mas essa questão só pode ser respondida mais tarde.

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Estas armas e habilidades especiais combinam ainda com os Perks típicos de Call of Duty, a maioria já familiares aos jogadores, mas também existem algumas novidades. Até está presente um aviso de perigo (imaginem o sentido do Homem-Aranha), que alerta para a presença de inimigos muito próximos. Existem largas dezenas de variantes e possibilidades para o online de Black Ops III, mas a novidade que vai ser mais visível será a capacidade para correr pelas paredes. E claro, no grosso da experiência, continuam a ser as vossas armas mais tradicionais que farão o trabalho duro.

Com uma campanha fantástica para quatro jogadores, um inspirado modo zombies, e uma proposta online injetada com adrenalina e variedade, Black Ops III parece quase uma espécie de Super Call of Duty. Tremenda qualidade e valor num só pacote, que promete roubar-nos muitas horas de jogo.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
É facilmente o melhor CoD desde Modern Warfare2 e um dos melhores jogos desta geração. É um pacote com um valor tremendo.
-
A campanha só é realmente interessante se for jogada nas dificuldades mais elevadas. Os novos modos PvP são decentes, mas nada mais.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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