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Assassin's Creed IV: Black Flag

Assassin's Creed IV: Black Flag - Freedom Cry

Vale a pena investir na campanha e no protagonista introduzidos pelo DLC?

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Freedom Cry é um DLC de História para Assassin's Creed IV: Black Flag e introduz uma nova campanha e protagonista. Pode ser descarregado a partir dos serviços online

Freeddom Cry decorre vários anos depois dos eventos de Black Flag e apresenta uma história independente. Se esperavam um epílogo para as aventura de Edward Kenway, não é bem isso que vão encontrar. Aliás, depois de ultrapassarem a campanha de 4-5 horas, vão perceber que o DLC é minúsculo quando comparado com o conteúdo principal. Também vão navegar pelos mares, mas em áreas muito menores. Existe um navio para melhorar, mas não à mesma escala. Até vão encontrar vilas para visitar e animais para caçar, mas claro está, em números muito reduzidos.

Assassin's Creed IV: Black Flag

O novo protagonista é Adewale, imediato de Edward Kenway, e também ele se tornou um Assassino, equipado com um reportório de armas e acessórios considerável. Além dos elementos comuns a todos os membros da irmandade, Adewale utiliza uma Machete no lugar das duas espadas de Edward e uma caçadeira em vez das pistolas. Em termos práticos não implicam grandes diferenças, mas ajudam a transmitir a sensação de que Adewale é uma personagem mais forte e pesada que o quase-felino Edward.

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A introdução do DLC copia praticamente o início do jogo; uma batalha marítima acaba com Adewale a acordar numa praia em local desconhecido. Nos momentos iniciais estão presos a esta localização, mas eventualmente vão receber um barco, depois de interceptarem nova ameaça dos Templários.

Ao todo existem nove missões principais para completarem, todas baseadas no mesmo período de tempo, mas também existem atividades secundárias que podem realizar. O tema central, contudo, é sempre o mesmo: comércio de escravos e liberdade.

O tópico do DLC acaba por ser algo delicado, apesar de oferecer incentivos extra para completar as atividades secundárias. Nem a nossa consciência, nem os nossos ouvidos, permitiram-nos continuar a caminhar enquanto víamos e ouvíamos os escravos a serem chicoteados, queimados, leiloados, enjaulados ou humilhados.

Existem alguns guardas especiais a patrulharem a rua, que vão iniciar uma perseguição assim que identificarem a cor de Adewale. É no combate que se segue que vão encontrar alguns dos problemas comuns de Assassin's Creed, mas por esta altura já todos aceitámos perdoar essa mecânica ultrapassada, desde que o resto da experiência seja tão rico como tem sido.

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Uma boa fatia do DLC envolve a infiltração de plantações que precisam de libertar. Quantos mais guardas matarem, mais hipóteses terão de libertar mais escravos, mas se forem vistos, vão transformar uma série de mortes furtivas numa verdadeira correria para tentarem evitar uma verdadeira carnificina de escravos.

Ironicamente - e é difícil perceber se isto é um ponto propositado dos produtores - a libertação de escravos é o método principal para desbloquear melhoramentos. Eventualmente vão ganhar acesso a equipamento e armas melhores, o que incentiva a visitar as plantações ou a abalroar as embarcações com escravos, quando voltarem à água.

Consequentemente, vão começar a ficar imunes a tudo isto. Parte deve-se também à forma como o jogo regurgita atividades secundárias. Como o mapa é mais pequeno, vão passar mais tempo numa única localização, e torna-se evidente como tudo se recicla de forma a conseguirem continuar a adquirir melhoramentos.

Assassin's Creed IV: Black Flag

Mesmo antes desta situação começar a ocorrer, a temática por si só é difícil de engolir. Será que utilizar um tema tão sensível como a escravidão como uma mera mecânica de progressão não é trivializar o tema excessivamente?

A guerra como entretenimento é algo a que nos fomos habituando ao longo de várias gerações e até diferentes formas de entretenimento. Prisioneiros de guerra e comércio humano é algo completamente distinto. Se o tema deve ou não ser abordado não é a verdadeira questão aqui; é antes a forma como é abordado. Mas a discussão sobre isto deve acontecer noutra altura, não agora.

Embora a narrativa caminhe para uma rebelião em larga escala, isso não se traduz verdadeiramente no jogo, o que deixa algo a desejar.
Aliás, o epitáfio do DLC reforça friamente a inabilidade para mudar o preconceito arraigado, e que existe pouco justiça a retirar da vingança.

É uma mensagem que se quer poderosa. Depois da procura de glória e fortuna de Edward, a aventura altruísta de Adewale exibe um contraponto forte, que é mais dedicado ao homem em si do que à irmandade que serve.

Assassin's Creed IV: Black Flag

Mas a realidade é que, passados seis anos, começa a ser demasiado fácil entrar em modo automático durante as cutscenes e perder um pouco o interesse sobre o que se passa. No fim de tudo é difícil afastar a sensação de frustração, já que a narrativa é obtusa o suficiente para rebaixar um assunto importante. Parece que Assassin's Creed tem finalmente algo a dizer, mas a mensagem perdeu-se pelo caminho.

Sim, a maioria do conteúdo que formam as cinco horas do DLC é essencialmente o mesmo que fizeram na campanha principal. Sim, tem os mesmos problemas técnicos, o mapa é mais pequeno e é difícil conviver com a ideia de que o mar é bastante reduzido. Mas se concluíram a aventura de Edward, é provável que queiram mais e é isso que vão receber com Freedom Cry. Por isso, é recomendado, embora a execução não seja tão apurada, ou genuína, como deveria ser.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Mais da experiência excelente de Assassin's Creed IV.
-
O conteúdo é contencioso. Parece demasiado pequeno em comparação com a campanha principal.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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