Se há um elemento que distingue a série The Elder Scrols (Morrowind, Oblivion, Skyrim...), é a imersão dos seus massivos mundos de jogo. É fácil para um jogador, sobretudo adepto do género RPG, perder-se da história principal, vasculhando templos e túmulos, caçando nas florestas ou roubando casas ricas na cidades. É essa liberdade, aliada a uma fantástica representação de fantasia, que distingue a série The Elder Scrolls.
Esse mesmo sentimento absorveu-nos nesta versão de consolas de Tamriel Unlimited. É o tipo de experiência em que partem rumo a um objetivo, apenas para perceberem, três horas depois, que face às aventuras que encontraram pelo caminho, estão mais longe do objetivo principal do que quando começaram. Está sempre algo novo a aparecer, sempre algo que implora para ser investigado ou explorado.
Já explorámos o mundo de TESO durante largas horas, e ainda não nos fartámos. Existe muito que fazer nesta versão de Tamriel, seja matar demónios, construir armaduras ou ajudar uma das pequenas aldeias que encontraram por acaso. Conteúdo e tarefas não faltam. Também existe, como seria de esperar, um arco narrativo central que se estende durante toda a aventura e que envolve as três alianças - Daggerfall Covenant, Aldmeri Dominion e Ebonheart Pack. Cada aliança reúne três fações, e todas pretendem reclamar o trono de uma Tamriel sem líder.
Além de tudo isso, o jogo também tem uma mitologia muito detalhada e profunda, enriquecida por tudo o que foi feito nos jogos anteriores. Podem ignorar essa história, ou podem aprofundá-la enquanto conversam com outras personagens ou exploram os muitos pontos de interesse no mundo. Dito isto, é fácil deixar o conteúdo acumular, de forma a que percam um pouco o fio à meada e fiquem completamente confusos com o que se passa.
O arco principal ainda não foi explorado totalmente pelo jogo, em parte porque a Bethesda pretende fazer render o peixe, à falta de melhor expressão. A ideia é manter os jogadores interessados durante muito tempo, mas a narrativa começa a tornar-se mais envolvente com o passar das horas. É o tipo de história que demora a arrancar devidamente, mas felizmente existe muito que fazer entretanto.
Podem escolher entre nove raças - Dark Elf, Wood Elf, High Elf, Argonian, Orc, Redguard, Breton, Khajiit e Nord. Cada raça está aliada a uma das três fações, e isso implica que a raça escolhida vai determinar a zona em que começam a aventura. Chegámos a experimentar as três áreas iniciais, e pareceu-nos que a área de Ebonheart Pact era mais interessante que as outras duas. As missões aqui disponíveis apresentam outro tipo de variedade e qualidade.
Apesar da área em que começam a aventura, vão visitar um mundo que vive e respira The Elder Scrolls, com muitas referências e particularidades para os fãs da saga RPG. Nesse sentido, na perspetiva de um jogador que conheça e aprecie a série, TES Online é um êxito tremendo, mas será que se pode dizer o mesmo olhando puramente na perspetiva de um fã do género MMORPG? O facto de partilharmos o mundo de Tamriel com outros jogadores, acrescenta um dinamismo a Elder Scrolls que a série nunca tinha visto. É fantástico interagir com outros jogadores, poder ajudá-los, ou ser salvo por um grupo quando estão à beira da morte. É um sentimento que se transporta bem para o universo de Elder Scrolls, e a comunidade do jogo pareceu-nos muito positiva.
Dito isto, existem alguns pontos negativos no que ao aspeto online diz respeito. Como qualquer MMORPG que se preze, a comunicação acaba por ser um elemento chave da experiência, e se alguns jogos são criticados por não incluírem opção para comunicação por voz, The Elder Scrolls Online tem de ser criticado pelo oposto. Na versão de consolas não terão acesso a comunicação por texto, em vez disso terão de comunicar com outros jogadores através de voz, numa mecânica que funciona por áreas em torno do jogador.
Isto levanta alguns problemas, incluindo a formação de grupos. Em vez de procurarem num dos 'chats' por outros membros da equipa, têm de esperar que o emparelhamento automático funcione, ou terão de se deslocar até à entrada de uma masmorra enquanto esperam encontrar outros jogadores. Considerando o que se vê noutros MMORPG, este é um processo que deve ser simplificado. Dito isto, quando eventualmente conseguirem um grupo vão agradecer o serviço de comunicação por voz, que funciona muito bem nesse contexto. O mesmo se aplica o PvP, já que a capacidade de comunicar com a equipa através de voz é um bónus fantástico. Em conclusão, somos muito a favor da comunicação por voz, mas não em detrimento de mensagens de texto.
Também existe uma zona PvP para quem prefere testar as suas capacidades contra adversários humanos. É uma estrutura interessante, onde devem tentar conquistar bases inimigas e gerir recursos, que eleva o modo a mais do que matança indiscriminada, mas a zona parece-nos demasiado grande. Para o número de jogadores atualmente online, não se justifica um espaço tão amplo que espalhe os participantes.
Uma das maiores preocupações quando um MMORPG é adaptado do PC para as consolas, passa naturalmente pelos controlos. Uma experiência normalmente desenhada para se jogar com rato e teclado, pode ser complicada de ajustar à realidade do comando, mas a Bethesda fez um bom trabalho com The Elder Scrolls Online. A barra de habilidades é minimalista, mas suficiente, e tudo está atribuído aos botões. Enquanto o gatilho esquerdo protege e o gatilho direito ataca, as habilidades são acionadas com os restantes botões. Quanto ao D-pad, serve para alternar algumas funções, como o conjunto de equipamento.
Também vale a pena referir que, ao contrário do que aconteceu com a versão PC aquando do lançamento, The Elder Scrolls Online nas consolas não exige qualquer tipo de mensalidade. Só têm de pagar o preço base e jogar sem problemas. Em suma, TES: Online é uma boa adição à coleção de Elder Scrolls, e um MMORPG de consolas muito competente. Foi bom verificar que as mudanças feitas ao longo do último ano surtiram efeito, e que o jogo é agora mais imersivo nas consolas do que o foi aquando do lançamento original para PC.